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Enviada em: 24/05/2019

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o avanço da medicina permitiu o aumento da expectativa de vida, promovendo o "boom" demográfico em diversos países. Todavia, essa conquista não foi completamente eficaz para os idosos, visto que a importância da atividade física, que garante qualidade de vida, não é priorizada, devido à herança histórico-cultural e à negligência dos filhos.         Em primeiro plano, a herança histórico-cultural desencoraja os mais velhos a mudarem seus estilos de vida. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, os indivíduos tendem a incorporar o que lhes foram passado como tradição e seguirem os mesmos padrões estruturais de certa época. Assim, a maioria, por mais que viva em uma sociedade com características modernas, não incorpora tais mudanças em suas rotinas. Dessa forma, acomodam-se em suas casas, acreditando que o sedentarismo e o aumento do risco de doenças cardiovasculares, por exemplo, são consequências naturais que não podem ser evitadas. Com efeito, a teoria de Bourdieu explica porque o apego às heranças passadas pode resultar na inércia quanto à prática de exercícios físicos.         Outrossim, a negligência dos filhos é outro dilema que precisa ser enfrentado. De acordo com outro sociólogo, Zygmunt Bauman, a pós-modernidade é caracterizada pelo excesso de individualismo. Nesse sentido, a busca pelos interesses pessoais e a diminuição dos laços inter-afetivos impedem que uma atenção devida seja dada aos pais em idade mais avançada. Consequentemente, poucos são os que se preocupam, de fato, com a saúde desses, pois não é preciso muito para proporcionar-lhes uma vida com mais qualidade. Exemplo disso, é a vantagem que a prática de atividades coletivas, como hidroginástica e pilates, traz, não só para a saúde física, mas também para a mental, já que novas amizades e construções de laços, tão escassos, conforme Bauman expôs, são concretizados.         Urge, portanto, que o Governo Federal, junto ao Ministério da Saúde, crie um projeto de incentivo à prática de atividade física pelos idosos, por meio da colaboração de especialistas, como médicos, educadores físicos e psicólogos, que seja aplicado em todo o país, por cada prefeitura, visando à construção de parques municipais que priorizem exercícios coletivos, a fim de relacionar a alta expectativa de vida com a qualidade fundamental que todos merecem para viver.