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Enviada em: 14/08/2018

Segundo Aristóteles, “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade”, ou seja, pessoas diferentes possuem necessidades distintas, as quais devem ser atendidas a fim de que todos alcancem uma boa qualidade de vida. Não é difícil perceber, contudo, que essa premissa não é plenamente seguida no Brasil, principalmente quando se observa a falta de acessibilidade ofertada aos deficientes físicos.        Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que as cidades brasileiras carregam até hoje as heranças da industrialização tardia: centros urbanos caóticos e sem planejamento adequado. Esse fato cria obstáculos à locomoção livre dos deficientes físicos, o que vai totalmente contra ao direito de ir e vir assegurado a todos cidadãos pela Constituição Federal de 1988. Há quem diga, ainda, que as leis que exigem a construção de prédios públicos acessíveis são suficientes para reverter essa mazela social, no entanto, de que adianta essas instituições serem adaptadas se o percurso para chegar a elas, além de árduo, é perigoso?        Somado a isso, a falha encontrada no trânsito urbano para incluir os deficientes físicos é gritante. A incipiência de transportes coletivos adaptados para cadeirantes e a inexistência de pisos podotáteis e sinais sonoros em semáforos para deficientes visuais, por exemplo, são apenas alguns dos empecilhos ao deslocamento dos deficientes. Nesse contexto, muitos desses indivíduos são desmotivados a saírem de casa e tornam-se sempre dependentes de terceiros para que isso ocorra. É válido ressaltar, ainda, que, para Platão, “o importante não é viver, mas viver bem”, e, nessas condições, os indivíduos possuem sua qualidade de vida aquém da que poderiam ter caso esse problema não existisse.        Fica claro, portanto, que o problema em voga é amplo e bastante complexo e atitudes devem ser tomadas para dirimi-lo. Em um primeiro plano, seria interessante que o Governo do Estado disponibilizasse às prefeituras uma verba destinada à melhoria da mobilidade dos deficientes físicos, através da adaptação dos transportes coletivos, assim como a realização de intervenções urbanísticas, a fim de que as cidades se tornem mais acessíveis aos deficientes físicos. Ademais, organizações não governamentais, juntamente com a mídia, podem não só conscientizar a população acerca do problema, através de panfletagem e comerciais televisivos, mas também incentivá-la pressionar os governantes para a efetiva realização dessas mudanças.