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Enviada em: 08/06/2018

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos deficientes físicos brasileiros, os quais buscam ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito a usufruir das vias públicas sem dificuldades. Nesse contexto, não há dúvidas de que a promoção de acessibilidade para todos é um desafio no Brasil a qual ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também à postura indolente da sociedade. A Constituição Cidadã de 1988 garante mobilidade de qualidade aos deficientes, todavia o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo verifica-se que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a oferta não apenas de superfícies táteis nas calçadas (pisos especiais percebíveis pelo tato), como também de profissionais qualificados e especializados, nos transportes públicos, para o atendimento de pessoas portadoras de deficiência não estão presentes em todo o território nacional, fazendo os direitos permanecerem no papel. Outro ponto relevante, nessa temática, é o conceito de Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman, que explica a queda das atitudes éticas pela fluidez dos valores, a fim de atender aos interesses pessoais, aumentando o individualismo. Desse modo, o sujeito, ao estar imerso nesse panorama líquido, acaba por perpetuar o desrespeito aos direitos e a dificuldade de transitabilidade dos portadores de deficiência -vagas regulamentadas nos estacionamentos para deficientes são constantemente ocupadas por usuários não cadastrados -, por causa da redução do olhar sobre o bem-estar dos menos favorecidos. Em vista disso, os desafios em torno da promoção de acessibilidade de indivíduos portadores de deficiência ou que possuem mobilidade reduzida estão presentes na estruturação desigual e opressora da coletividade, bem como em seu viés individualista.