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Enviada em: 11/09/2017

Invisibilidade       Um cego precisa assinar um documento impresso em tinta, um cadeirante sem transporte precisa ir ao supermercado fazer compras e um surdo sem intérprete precisa explicar sua dor ao médico. Muitos brasileiros, em uma atitude imensamente hipócrita, tentam analisar a falta de acessibilidade como um tema isolado da sociedade, quando, na realidade, esse tipo de comportamento na maioria das vezes é apenas um reflexo da falta de conhecimento em relação ao assunto a que muitas pessoas são submetidas no dia a dia.     O primeiro aspecto a ser observado, é oferecer atendimento integral às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, uma vez que o termo está somente associado à acessibilidade arquitetônica, como as rampas nas residências e elevadores nos edifícios. Tal conjuntura é ainda mais ratificada ao observar a falta de acessibilidade para outras deficiências. Bom exemplo disso é a auxiliar de enfermagem Lindacir Gonçalves, que em 2012, esperou por oito horas para ser atendida na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, por não ouvir chamarem seu nome. Sendo assim, a falta de funcionários capacitados para uso e interpretação da língua de sinais dificulta a comunicação e aumenta a discriminação.      Um outro aspecto, diz respeito ao modelo médico de atuação. Nota-se no âmbito da Saúde a falta de comunicação e conhecimento dos funcionários, pois para a médica fisiatra Izabel Maior, os profissionais de saúde não são estimulados durante suas formações a lidar adequadamente com a diversidade humana. Prova disso são as mulheres com deficiência que realizam muito menos exames ginecológicos preventivos que as mulheres sem deficiência. São detalhes mínimos que evidenciam as falhas na garantia de acessibilidade no sistema de saúde e que podem matar.      Urge, portanto, que o acesso para deficientes no Brasil está muito atrás de países desenvolvidos. Entretanto, cabe ao Ministério da Saúde ampliar o acesso a serviços especializados em deficiência física, visual, auditiva e intelectual, com a implantação de aulas de sinais nos cursos ligados a saúde, por exemplo. Por outro lado, as Secretárias de Saúde precisam aderir ao Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência nos postos de saúde, para melhorar o acesso dessas pessoas aos serviços disponíveis a toda população. Ademais, é fundamental a qualificação de profissionais da saúde nas unidades básicas e de pronto atendimento do SUS para aumentar o número de atendimentos. Assim percebe-se-á que a deficiência não é um caso isolado da população brasileira e que um paciente surdo ferido vai poder pedir mais analgésico ao médico quando estiver com dor.