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Enviada em: 13/09/2017

Embora o processo de desenvolvimento urbano brasileiro tenha possibilitado o fácil acesso às cidades, uma parcela da população ainda é excluída, como idosos e deficientes. Com isso, o cumprimento da Constituição fica comprometido, já que o direito de ir e vir não é garantido para todos. Dessa forma, mesmo a acessibilidade igualitária sendo de extrema importância, ela ainda é negligenciada pela sociedade e pelo poder público, acarretando sérios problemas.   Em primeira instância, é preciso considerar que muitas pessoas não se preocupam em tornar o ambiente mais acessível a todos. Isso pode ser explicado através da obra "Ensaio sobre a cegueira", do escritor português José Saramago, o qual traz a cegueira física como uma metáfora para a cegueira social, ou seja, critica a posição indiferente do homem quanto a uma situação não vivida por ele. Assim, a ausência de rampas, de sinalização tátil e de barras de segurança demonstram tal indiferença com a limitação do outro, já que amplia as dificuldades enfrentadas pelo idoso ou pelo deficiente. Portanto, a acessibilidade será garantida para todos, apenas quando os cidadãos tornarem-se mais solidários e reflexivos.    Consequentemente, os excluídos pela ineficaz construção de ambientes públicos acabam sendo discriminados socialmente. Essa situação se deve ao fato das limitações, aprofundadas pelo precário planejamento das cidades, adquirirem a conotação de incapacidade, ou seja, um idoso, que sobe em um ônibus com dificuldade, pois não foi pensado para essa parcela da população, é visto como alguém incapaz de realizar tarefas cotidianas. Entretanto, tal forma de pensar está completamente equivocada, uma vez que o artista Aleijadinho, ao desenvolver uma doença degenerativa grave, não parou de trabalhar em suas obras, mesmo com suas limitações. Logo, a acessibilidade também está fortemente relacionada com a inclusão social e com a redução do preconceito.  Sendo assim, a acessibilidade a todos é de extrema importância, embora seja negligenciada. Dessa forma, é preciso que ONGs, em parceria com escolas, promovam palestras mensais, em auditórios, desenvolvendo atividades que simulem as dificuldades enfrentadas por algumas pessoas ao se deslocarem no espaço público, para despertar a reflexão sobre a importância de um ambiente agradável a todos. Além disso, cabe ao Governo Municipal, juntamente com sua equipe técnica, planejar obras objetivando, principalmente, a construção de rampas e a implantação do solo tátil, para possibilitar o acesso de toda população.