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Enviada em: 16/09/2017

"A vida é um eterno ir e vir", proferiu o filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso. Todavia, tal mobilidade e fluidez não é garantida a todos no Brasil, dada a falta de acessibilidade para os deficientes físicos. Portanto, é dever do Estado intervir para minimizar tal problema social, já que esse advém de uma mazela cultural que impede a igualdade de direitos de locomoção.       Em primeira análise, o desinteresse sociopolítico pela acessibilidade surge de uma cultura retrógrada que prega um princípio de utilidade a partir da aptidão física, pensamento que já não se aplica à realidade. Essa ideologia surge no século XVIII, com a Revolução Industrial, quando o trabalho gerador de lucro era mecânico e repetitivo, visão mudou com a chegada da Era Informacional, voltada à lógica e à criatividade. Nesse contexto, a desvalorização dos deficientes já não é passível de argumentação, pois, acima de limitações físicas, são indivíduos igualmente capazes de produzir e inovar. Dessa forma, é evidente que a solução para a acessibilidade no Brasil está intrinsecamente relacionada com a superação de tal mazela cultural, por meio de ações midiáticas e educacionais.             Outrossim, a falta de acessibilidade para os deficientes físicos configura-se como um problema social, porque impede que esse grupo possua uma vida plena como os demais. Isso porque a infraestrutura carente do Brasil, dada a falta de rampas de acesso e pisos táteis, é um obstáculo para a vida cotidiana, que envolve trabalhar, estudar e sair com os amigos. Por exemplo, no filme "Intocáveis", o personagem tetraplégico sofre uma grande decepção ao tentar se encontrar com uma amiga em um restaurante, mas é impedido pela falta de espaço entre as mesas para sua cadeira de rodas, evidenciando as consequências da falta de acessibilidade na vida social. Assim, a falta de estrutura de acesso, por ser um problema social que impede a igualdade entre indivíduos, deve ser resolvida a partir de intervenções estatais.             Então, para que haja mudança, o MEC deve distribuir cartilhas e promover debates, no ensino fundamental e médio, que insinuem a igualdade diante das diferenças físicas, a fim de criar futuros cidadãos que não propaguem o preconceito e, consequentemente, lutem pela acessibilidade. Ademais, o Estado deve investir em infraestrutura, com pisos táteis e rampas de acesso, em centros urbanos com maiores índices de deficiências físicas, de forma que atenue as desigualdades de acesso atualmente existentes. Por último, os grandes canais de TV devem promover campanhas em horário nobre com slogans a favor da maior inserção social dos deficientes, para que, a longo prazo, haja uma nova cultura de busca pela igualdade, sendo que essa só se efetivará com a inclusão sociocultural e com os recursos infraestruturais.