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Enviada em: 24/10/2017

O filme francês "Ferrugem e Osso" narra o drama vivido por Stéphanie, ex-treinadora de baleias que teve suas pernas amputadas após um acidente, e retrata as dificuldades e preconceitos enfrentados pela personagem graças à sua deficiência. Longe de ser apenas uma história cinematográfica, tal realidade evidencia a exclusão social dos portadores de deficiência, problema atual relevante no Brasil. Por um lado, percebe-se o preconceito enraizado na sociedade. Por outro, as dificuldades que essas minorias enfrentam no ambiente educacional contribuem para o agravamento da situação.      É importante mencionar, primeiramente, que a visão preconceituosa em relação aos portadores de deficiência dificulta a efetivação da acessibilidade. Neste sentido, o princípio de funcionamento social como um organismo biológico, do sociólogo Émile Durkheim, é ferido, o que leva ao colapso e ausência de coesão da sociedade. Partindo dessa verdade, o desrespeito aos deficientes físicos, seja por uma ocupação ilegal de vagas de estacionamento, ou até mesmo por uma visão de inferioridade dessa minoria, revela que tal olhar preconceituoso e indiferente possibilita a perpetuação das desigualdades de oportunidades. Logo, depreende-se o papel desse mal como um dos principais responsáveis pela ineficaz inclusão dessas pessoas, ainda que leis de acessibilidade sejam aprovadas.      Ademais, a falta de um sistema educacional inclusivo corrobora para a continuidade do problema. Tal fator é percebido através da estrutura padronizadas dos ambientes de educação, haja vista que a ausência de um projeto pedagógico específico para os deficientes, associada à falta de estrutura física que possibilite a mobilidade eficiente dessas pessoas em todo âmbito nacional, contribuem para a exclusão. Prova disso é que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE -, 61,5% da população portadora de deficiência física com 15 anos ou mais não tem instrução ou cursou apenas o Ensino Fundamental, o que evidencia a falta de inclusão dos ambientes educacionais do país. Logo, medidas que possam criar um espaço estudantil inclusivo fazem-se necessárias.      Fica claro, portanto, a necessidade de garantir a inclusão social dos portadores de deficiência. Desse modo, é papel do Ministério da Educação, o estabelecimento de uma estrutura de educação abrangente, evolvendo tanto a formação de professores quanto a de gestores, por meio de cursos de extensão, de forma a criarem planejamentos adaptados a qualquer aluno, além de garantirem uma estrutura institucional acessível à mobilidade dos deficientes. Além disso, cabe a mídia, por meio da ficcção engajada e promoção de ONGs que lutem pela igualdade dessas pessoas, a conscientização acerca do respeito à diversidade, a fim de que, juntamente com as medidas governamentais, a sociedade funcione como um verdadeiro organismo biológico, garantindo acessibilidade para todos.