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Enviada em: 03/11/2017

Na sociedade espartana, era comum a eliminação de indivíduos tidos como “defeituosos” em decorrência de alguma má formação. No Brasil, essa lógica exclusiva ainda é presente no que tange ao trato de pessoas com deficiência. Em vista disso, tal realidade configura uma problemática a ser discutida, seja pela perspectiva da falha de acessibilidade, seja pelo viés da ausência de representatividade.         Em primeira instância, é importante ressaltar que é evidente a não-agregação de pessoas com necessidades especiais no cotidiano, baseada em um dificuldade de adequação. A partir disso, percebe-se que tal conjuntura acaba por reforçar a suposta incapacidade do deficiente, porque se vê esse indivíduo como responsável por suas limitações. Desse modo, mascara-se um problema que está, na verdade, relacionado a acessibilidade estrutural, que, embora contemplada na Associação Brasileira de Normas Técnicas, parece não encontrar correspondência na realidade. É possível exemplificar esse pensamento com os casos de pisos táteis para deficientes visuais que terminam de forma aleatória ou conduzem a obstáculos.          Outrossim, é válido ressaltar que é escassa e inadequada a representatividade midiática de indivíduos deficientes. Assim, ocorre uma percepção social análoga à lógica de Guy Debord, que define a existência de uma sociedade do espetáculo que preza pela perfeição aparente, uma vez que a exibição dessas pessoas tidas como inválidas em veículos comunicativos não compactuaria com a idealização pretendida pelo grupamento coletivo. Por conseguinte, provoca-se no cidadão com deficiência uma sensação de divórcio do meio, o que corrobora a sua exclusão. Isso é ilustrado nos retratos esporádicos de deficientes em novelas, sempre atrelados a uma vitimização alheia a fatos reais.          Infere-se, portanto, que é necessário impedir a regressão à lógica espartana na exclusão dos deficientes. Inicialmente, é fundamental a atuação das Prefeituras Municipais junto ao CREA  verificando o cumprimento de normas de acessibilidade, por meio de mutirões de fiscalização no meio urbano, com efeito de possibilitar, às pessoas com deficiência, o desempenho adequado de suas funções cotidianas. Para mais, é essencial que os veículos comunicativos incluam os deficientes em seus produtos, por intermédio de ficções engajadas que fujam ao estereótipo típico do deficiente e que o retratem com a devida naturalidade social de sua condição, para que esses cidadãos se sintam contemplados e participem ativamente na coletividade