Materiais:
Enviada em: 09/06/2018

O Período Colonial brasileiro foi marcado por um forte imperialismo cultural europeu nas populações nativas que aqui habitavam. Entretanto, resquícios da inferiorização indígena promovida pelos colonizadores permanecem ativos na sociedade contemporânea. Diante dessa perspectiva, deve-se avaliar como o preconceito e a desvalorização cultural e humana causam efeitos negativos à população indígena brasileira.     Em primeiro plano, o descrédito cultural e humano possui raízes históricas, negando a magnitude da contribuição indígena para o Brasil. Nesse viés, o sociólogo Gilberto Freyre, em sua obra “Casa Grande e Senzala”, defendeu que a pluralidade étnica brasileira é promotora da identidade nacional. A esse respeito, desde os relatos pré-coloniais vê-se descrições inferiores e até mesmo animalizadas desses povos, gerando uma certa invisibilidade e desrespeito dos elementos nativos. Desse modo, não é razoável que uma parte primordial da formação nacional permaneça menosprezada e desconhecida.    Outro ponto relevante, nessa temática, é o desprezo e a intolerância que atinge as comunidades indígenas ainda restantes. Nesse sentido, dados estimam que apenas 0,45% da população brasileira é composta por povos indígenas, estes habitando 12,5% do território protegido por reservas. No entanto, essa pequena parcela ainda encontra-se ameaçadas por grandes latifundiários, que muitas vezes exterminam indígenas para promoverem o aumento da fronteira agrícola. Além disso, diversos casos de racismo são relatados à FUNAI, destacando o caso do índio que foi queimado vivo no Distrito federal em 1997. Todavia, enquanto o respeito às diferenças e o direito do outro permanecerem em segundo plano, a igualdade garantida constitucionalmente não será atingida.    Torna-se evidente, portanto, a necessidade da valorização e reconhecimento dos povos indígenas no Brasil. Em razão disso, o Ministério da Educação deve promover nas escolas brasileiras, desde os anos iniciais, o estudo e exposição dos elementos culturais, linguísticos e históricos indígenas, a fim de promover o respeito e o prestígio a essa cultura. Ademais, a FUNAI e o ministério público, em parceria, devem lutar para o garantimento e efetivação dos direitos dos índios, especialmente na proteção e fiscalização das terras e na punição de atos de preconceito e intolerância. Dessa forma, a questão indígena será melhorada e a pluralidade étnica, defendida por Freyre, poderá finalmente ser reconhecida.