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Enviada em: 29/06/2018

Iracema - obra pertencente ao romantismo e escrita por José de Alencar - apresenta o indígena como um herói nacional e por conseguinte, torna-o abundante de características positivas. Essa criação se afasta da ideia presente na carta de Pero Vaz de Caminha, que descreveu esses povos como selvagens e não civilizados. A concepção preconceituosa do escrivão relaciona-se, de modo análogo, a ideias existentes na contemporaneidade, que foram herdadas da idade moderna - época em que a disseminação de pensamentos intolerantes era vultuosa.   Vale ressaltar que, quando os portugueses chegaram às terras que, hoje são denominadas brasileiras, existiam centenas de tribos indígenas, que ocupavam esse território há séculos. Destarte, sabe-se que a colonização não ocorreu de maneira pacífica e resultou em um genocídio desses povos. Só para ilustrar, uma pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2010 estima que, na época da chegada dos colonizadores, cinco milhões de nativos ocupavam o país, contudo, tristemente, no ano em que realizou-se a apuração, havia menos de um milhão. Esse decrescimento deve-se ao ascendente extermínio dos povos indígenas realizados ao longo das décadas e o afluente preconceito social com a cultura daqueles que foram fundamentais para a formação social e moral compartilhada hodiernamente.  Em suma, observa-se, na conjuntura atual, uma enorme defasagem no que tange os direitos da sociedade indígena. Atrelado a essa problemática, existe a questão da contrariedade da bancada ruralista com os mesmos - é fato que em uma sociedade pós revolução industrial o capitalismo urge crescimento econômico e apoderar-se das terras desses povos é um feito ascensionário no Brasil. Indubitavelmente, essas ações culminam em uma realidade desprovida de garantia de direitos para quem somente refuta o apanágio de viver.  Dado o exposto, torna-se evidente, portanto, a urgência de transmutar a situação atual. Em primeiro lugar, faz-se primordial a restituição de leis que protejam-os, como por exemplo, o artigo 2 do estatuto do índio, que prevê a garantia da moradia e assegura a permanência em suas terras. Uma vez remodelada, é benfeitor que a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) atue com prontidão na demarcação de terras, tratando a temática como prioridade para que esses povos possam, respaldados na lei, viver livremente em sua morada. Ademais, agiria de maneira adjutória, a integração na grade curricular nacional de matérias que evidenciem a importância do índio e sua história na sociedade, a fim de desmistificar essa compreensão ultrapassada de que são selvagens. Por fim, a sociedade desfrutaria de ideais justos e igualitários através da cultura, parafraseando Paulo Freire que dizia que a educação muda as pessoas, e estas transformam o mundo.