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Enviada em: 22/10/2018

“Nos deram espelhos e vimos um mundo doente”, o impactante trecho da música Índios da banda Legião Urbana remonta os impactos sofridos pela comunidade indígena durante a colonização do território que eventualmente formaria o Brasil. Analogamente, segundo informações colhidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população nativa reduziu de cerca de 3 milhões, no século XVI, para o número de 890 mil espalhados por toda extensão territorial do país. Todavia, embora ainda preservem sua diversidade cultural, os evidentes conflitos iniciados em 1500 repercutem até a atualidade. Nesse cenário, mostra-se relevante discutir a atual conjuntura do índio brasileiro.    Em primeira análise, ao longo da história os povos indígenas acompanharam o extermínio de sua cultura e semelhantes nas mãos do projeto expansionista do homem branco. Nesse sentido, a formação do país, que hoje se reconhece como Brasil, se deu sob o território previamente ocupado por inúmeras etnias nativas, outrora massacradas em guerras e submetidas às práticas culturais de seu colonizador. Esse aspecto foi duramente criticado ao longo da literatura brasileira, sobretudo pelas obras do período pré-modernista e modernista, como enfatiza o excerto de “O triste fim de Policarpo Quaresma”: “Policarpo Quaresma, usando do direito que lhe confere a Constituição vem pedir que o Congresso Nacional, decrete o idioma indígena tupi-guarani como língua oficial do povo brasileiro.”      Outrossim, em consonância com a fala de Jean Jacques Rousseau: “O homem nasce bom, mas a sociedade que o corrompe”, de acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), a população brasileira ainda atribui a imagem do bom-selvagem ao índio. Em decorrência disso, a persistência de pré-conceitos enraizados pela desinformação e desvalorização da formação étnica multicultural do Brasil acarretam consequências sociais agonizantes. Destarte, conforme Eliane Brum em seu artigo: “1500, o ano que não terminou”, a manutenção da violência, quer seja pela formação de um senso comum, ou pelos conflitos de terra recorrentes da falta de reconhecimento desse grupo enquanto sujeitos, segue diante da indiferença da sociedade brasileira formada após 1500.     Em síntese, infere-se que a questão indígena reflete a luta de um povo para a manutenção do seu mundo. Logo, cabe ao Governo a valorização cultural desse povo, reforçando a Lei de Diretrizes e Bases implementando o ensino nas escolas da diversidade multicultural indígena, além disso, mostra-se relevante reforçar a atuação da FUNAI para o apoio e proteção social oferecendo apoio político e financeiro para o combate à violência indígena. A implementação de tais medidas conduziria a sociedade ao reconhecimento desse grupo, tal como precede a Constituição Cidadã.