Materiais:
Enviada em: 08/10/2018

A presença indígena no cenário brasileiro, curiosamente, é comumente tratada como um fato histórico, isto é, pontual. A lembrança dos aborígenes nacionais deve-se, em geral, aos momentos comemorativos, como a prática de pintar o rosto quando criança no âmbito escolar. Esquece-se, todavia, que eles não só constituem uma das bases culturais nacionais, mas também, sobretudo nos dias atuais, exercem grande influência na manutenção do patrimônio ambiental brasileiro. Em primeiro lugar, cumpre destacar a presença indígena na gênese histórica do Brasil.       Quando os portugueses por aqui desembarcaram em 22 abril de 1500, foram os nativos que lhes receberam, além de constituírem a primeira força de trabalho empregada pelos europeus, posteriormente trocada pelos escravos africanos. Desvalorizar o autóctone brasileiro é, por extensão, abdicar de um dos componentes primordiais que formaram a sociedade nacional e, com isso, aniquilar a si própria, pois, como bem pontuou Durkheim, o indivíduo é consequência da sua sociedade.       Além da evidente necessidade de zelar pelo patrimônio sociocultural que é o índio, sua contribuição demonstra-se de modo pragmático na prevenção dos recursos naturais brasileiros. E, nesse sentido, os dados são elucidativos. Enquanto a porção amazônica demarcada como Terra Indígena (TI) apresentou, entre 2010 e 2014, desmatamento inferior a 2%, a supressão vegetal nas demais porções da principal floresta nacional apresentou índices 9 vezes superior, conforme cálculos realizados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.       Urge, então, valorizar a cultura indígena. Logo, cabe à escola abordar a participação dessa população na formação da sociedade brasileira. Por outro lado, a FUNAI deve promover políticas intensas de identificação de novas etnias ainda desconhecidas, com vistas a garantir-lhes reconhecimento institucional e, por consequência, a posse das terras em que habitam. Com isso, aumentar-se-iam as áreas indígenas, que constituem barreias aos avanços da degradação dos biomas brasileiros.