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Enviada em: 03/10/2018

O Romantismo no Brasil, iniciado no século XIX, foi uma escola literária que se caracterizava, sobretudo, por simbolizar o índio como o melhor representante da cultura nacional e ilustrá-lo como uma figura heroica em suas narrativas. Apesar do vasto contexto de luta dos indígenas em busca de seus direitos, tal conquista ainda não se aplica inteiramente no país. Essa problemática não somente se justifica pela herança histórica da representação idealizada desse povo, como também pelo avanço da produção rural em locais que compreendem sua moradia.             Em primeiro lugar, percebe-se que, graças ao olhar etnocêntrico europeu durante a colonização brasileira, vários estereótipos acompanhados de preconceito foram atribuídos aos nativos e enraizados ao longo da história do país. Segundo André Villas-Bôas, secretário-executivo do ISA (ONG Instituto Socioambiental), existe, ainda que pouco admitido, um racismo contra índios em vários setores da sociedade, o qual é baseado em uma idealização de que o indígena é apenas quem reside na floresta e anda sem vestimentas. Por sua vez, definições como essa tendem a reforçar a inferiorização da cultura indígena e tornar os indivíduos intolerantes. Nesse sentido, é preciso que os brasileiros mudem a sua visão no que se refere à população indígena e aos seus valores culturais.           Em segundo lugar, nota-se que a indústria rural tem causado a perda de territórios indígenas e ameaçado a sobrevivência das comunidades. Embora a Constituição de 1988 tenha garantido a posse permanente das terras ocupadas pelos nativos, vários episódios de conflito entre indígenas e latifundiários tem sido relatados no país, à exemplo da recente extração ilegal de madeira em reserva indígena no Pará. De acordo com o Portal G1, cerca de 80 índios se reuniram para proteger as terras, evidenciando a preocupação com o seu espaço. Logo, é necessário intervir legalmente e preservar essas habitações.             Infere-se, portanto, que a valorização da população indígena é uma questão em pauta no Brasil. Para resolver tal impasse, é cabível às instituições de ensino, com apoio do Ministério da Educação, a criação de um projeto chamado “Eu sou índio, eu sou brasileiro”, no qual sejam realizadas palestras educativas acerca da identidade indígena, evidenciando seu passado histórico, suas contribuições para a cultura brasileira e seu modo de vida, por meio de produção textual, disposição de imagens e entrevistas com personalidades indígenas, a fim de estimular o aprendizado dos alunos e incentivar o respeito à essa comunidade. Outrossim, é necessária a intervenção do Poder Público na exploração de terras indígenas, através de uma aplicação mais rígida de medidas judiciais. Dessa forma, será possível reconhecer o valor do índio na sociedade brasileira, assim como acontecia nas obras do Romantismo.