Enviada em: 26/10/2018

No século XVlll, a Geração romântica indianista buscava valorizar, na literatura, a figura do índio como verdadeira essência do povo brasileiro. Entretanto, a valorização proposta no Romantismo permaneceu apenas como obra literária, de modo que as populações indígenas e seus interesses permanecem negligenciados. Com efeito, há de se desconstruir o etnocentrismo e o desrespeito promovido pelo próprio Estado.  Em primeiro plano, é urgente que se desconstruam os estereótipos criados sobre os indígenas. A esse respeito, a sociologia define como etnocentrismo o predomínio de uma cultura sobre as outras, tal como ocorreu entre os costumes europeus — hegemônicos — sobre os indígenas — desprestigiados. Ocorre que a postura etnocêntrica descrita pela sociologia ainda se mostra presente no Brasil, já que as escolas reduzem a diversidade  indígena ao cocar e às pinturas, e os indivíduos guardam no seu imaginário a figura folclórica de índio.   De outra parte, o Estado deve considerar os índios como sujeitos de direitos. Nesse viés, o Poder Legislativo passou a discutir a Proposta de Emenda Constitucional 215, que coloca as terras demarcadas sob o comando de parlamentares da bancada ruralista. Todavia, a exploração das terras indígenas, tal como objetiva a PEC 215, fragiliza a manutenção das tribos, dos costumes e das línguas nativas, o que se representa grave prejuízo a essa vulnerável parcela da população.  Impede, pois, que os interesses da população indígena  sejam garantidos no Brasil. Nesse sentido, os indivíduos devem combater, com veemência, a visão estereotipada de índio, por meio de discussões nas mídias sociais, a fim de disseminar a ideia de que a diversidade indígena não é parte do folclore, mas sim da cultura brasileira. Por sua vez, o Ministério Público precisa defender as terras demarcadas, por intermédio dos processos judiciais pertinentes, como Ação Civil Pública, para que, diferentemente da Geração indianista, a valorização dos interesses dessa minoria não seja apenas ficção.