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Enviada em: 30/10/2018

Na primeira geração do Romantismo brasileiro, no século XIX, a literatura versava o protagonismo indígena no Brasil como forma de exaltação nacionalista. Fora dos livros, mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos - como é o caso do Estatuto do Índio de 1973 - o índio brasileiro sofre ataques de natureza cultural e geográfica. Nesse contexto, a situação do índio no Brasil configura um grave problema em virtude de raízes históricas e de fatores econômicos.  Convém ressaltar, em primeiro plano, que a exclusão do cidadão indígena remonta a um legado histórico. Desde o Período Colonial, a partir do século XVI, a discriminação ao índio tem sido reforçada em um contexto de ódio e apropriação. Em virtude do pensamento português de soberania, os índios foram desconsiderados enquanto parte da nação brasileira, já que até a história oficial - ensinada nas escolas - refere-se a um "descobrimento" do Brasil. Dessa maneira, a desvalorização dos povos indígenas se perpetua até hoje, fortemente em nível cultural, como consequência de um passado excludente.  Além da questão histórico-social, fatores econômicos influenciam a problemática. A violência contra o índio faz parte da realidade ligada à posse da terra, em especial no que concerne o agronegócio. Sabe-se que o agronegócio é uma atividade lucrativa e que ocupa expressivas propriedades de terra. Entre elas, terras indígenas não-demarcadas, gerando conflitos com os nativos. De acordo com dados divulgados pelo G1, em 2013, quase metade dos assassinatos em conflitos por terra vitimizou índios, o que reforça a gravidade da problemática. Portanto, para que o índio tenha seu espaço e cultura valorizados, no contexto brasileiro, medidas precisam ser tomadas. Assim, o MEC, em parceria com a Funai, precisa produzir conteúdos didáticos para a disciplina de história reformulando a descrição da colonização portuguesa, para garantir reconhecimento dos indígenas enquanto povo brasileiro. Em paralelo, o Governo deve demarcar terras indígenas e garantir sua preservação por meio de uma fiscalização coerente, a fim de combater a violência que faz dos índios vítimas todos os anos, evitando uma erradicação dos indígenas e suas respectivas culturas. Dessa forma, talvez, a realidade brasileira possa fazer jus ao universo indianista idealizado pelos autores do Romantismo brasileiro.