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Enviada em: 02/11/2018

Na obra "Iracema", do escritor José de Alencar, é tácito, ao analisar a história, o anseio de valorizar e exaltar os primeiros habitantes do Brasil: a população indígena. Infere-se que, no século XIX, havia a preocupação de heroicizar esses povos, os quais, anteriormente, foram escravizados e assassinados massivamente pelos colonos portugueses. Embora os escritores românticos tenham tentado criar uma imagem gloriosa e valente desses, o imaginário popular hodierno permanece pautado em ideários vetustos e, mesmo após tantos avanços, não há a plena inserção dos índios na terra brasileira, a qual, inicialmente, pertenceu a eles. Desse modo, é irrefragável que a desvalorização desses grupos configura-se uma problemática nacional que deve ser analisada.   Em primeiro plano, é importante ressaltar que, ao observar e estudar a história da nação, percebe-se a existência de grande miscigenação e diversidade, haja vista os grupos de diferentes países e culturas que aqui se encontram desde o Período Colonial. Nesse sentido, Lenin, revolucionário russo, defendia que a democracia só funciona para aqueles que têm plena representatividade. Analogamente, o contexto vigente no país ratifica à tese do político, uma vez que os grupos indígenas possuem exíguas políticas públicas que visem inseri-los na sociedade e, dessa maneira, tornam-se segregados. Diante disso, faz-se salutar a intervenção governamental nesse meio a fim de transformar esse cenário.    Em segundo plano, é imprescindível elucidar que as atitudes excludentes por parte da população são reflexos fieis da construção social marginalizante no que diz respeito a esses grupos. Erroneamente, a coletividade criou conceitos preconceituosos, os quais se referem à eles como "selvagens" e "não civilizados". É tácito que essa visão etnocêntrica reverbera imbróglios desumanos, que se opõem à Constituição de 1988, que garante, ao menos na teoria, o direito à moradia e, primordialmente, à vida. Nessa ótica, é impreterível que a atualidade siga os ideais modernistas e desvincule-se de construções provectas, construindo, assim, uma conjuntura respeitante e anti-segregacionista.    Torna-se evidente, portanto, que a desvalorização dos grupos indígenas é uma problemática nacional, a qual urge soluções eficientes com a finalidade de mudar a visão excludente e vetusta do corpo social hodierno. Consoante a isso, é fundamental que a FUNAI, em parceria com o Poder Legislativo, crie e adeque diretrizes que visem inserir esses povos na sociedade, de maneira plena e isônoma. Para que isso seja feito, deve ser priorizada a contratação de representantes, participantes dessas comunidades, com o objetivo de elaborar leis que, definitivamente, protejam-os. Assim, após a aplicação das medidas e o apoio da nação brasileira para a efetivação correta, eles, após séculos, terão não só direitos transcritos, mas, a concretização desses, o que corroborará segurança e, finalmente, igualdade.