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Enviada em: 15/12/2018

O livro ‘’O Guarani’’, escrito por José de Alencar, retrata o índio Peri como um bom selvagem, forte guerreiro e herói. Entretanto, contrário à obra literária, milhares de ‘’Peris’’ são vistos com menosprezo e preconceito, obrigados a lutarem pela recuperação de sua identidade e direitos, no país onde a invisibilidade impera. De fato, a banalização da cultura indígena reflete uma sociedade ignorante.        Nessa perspectiva, o desconhecimento a respeito dos costumes e hábitos da população indígena dificulta a sua valorização. Conforme o filósofo Voltaire ‘’ um povo que não se reconhece na diferença, jamais será capaz de vislumbrar sua própria identidade’’. Tal descriminação é decorrente do índio ser lembrado somente no dia 19 de abril em que as crianças são pintadas e palestras são realizadas, contudo no decorrer do ano a população indígena é vítima da violência e marginalização. Como resultado, a sociedade nega suas origens e trata esse povo com diferença e inferioridade como o caso do índio Galdino, de 44 anos, que foi queimado vivo por cinco rapazes em Brasília. Ora, enquanto não houver representatividade, vai sobrepor a intolerância e hostilização.        Ademais, esse preconceito enraizado contribui para a falta de engajamento da população na luta da garantia dos direitos fundamentais à comunidade indígena. Por conseguinte, o poder público não é pressionado e os índios perdem suas terras em detrimento da regularização dos latifúndios aos grandes fazendeiros. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), entre 2010 e 2014, seis milhões de hectares passaram para as mãos de grandes proprietários. Dessa forma, o modelo de desenvolvimento do Brasil é marcado notadamente pela exclusão social.       Transformar, portanto, esse retrato de estigmatização requer desafios. Para isso, as escolas devem realizar palestras e reuniões em grupos, com os professores, alunos e pais sobre a importância da cultura indígena na formação do povo brasileiro, o seu modo de viver e sua luta diária para a preservação de sua identidade, a fim das pessoas se sensibilizarem a mudar suas atitudes preconceituosas. Outrossim, o Governo deve destinar recursos financeiros à Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão responsável por realizar a demarcação das terras, por meio da contratação de antropólogos e utilização de tecnologias, com o intuito de assegurar a posse de terra, permitindo sua organização social e manutenção da cultura.