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Enviada em: 10/10/2019

O Romantismo no Brasil, iniciado no século XIX, foi uma escola literária que, em sua primeira fase, tinha como característica simbolizar o índio como o melhor representante nacional e ilustrá-lo como uma figura heroica em suas narrativas, como mostra o romance "O Guarani", de José de Alencar. No contexto atual, essa valorização foi substituída por preconceitos, devido a herança histórica de representação estereotipada desse povo e interesses econômicos da bancada ruralista.    Observa-se, em primeira instância, que, graças ao olhar etnocêntrico europeu durante a colonização brasileira, vários esteriótipos acompanhados de preconceitos foram atribuídos aos nativos e enraizados ao longo da história do país. De acordo com o secretário-executivo do ISA (ONG Instituto Socioambiental), André Villas-Bôas, existe, ainda que pouco admitido, um racismo contra os índios em vários setores da sociedade, no qual é baseado em uma idealização de que o indígena é apenas aquele que vive na floresta e anda sem vestimentas. Nesse sentido, é preciso que o brasileiro mude sua visão no que se refere a essa população e aos seus valores culturais.    Deve-se abordar, ainda, que a indústria rural tem causado a perda de territórios indígenas e ameaçado sua população. Embora a Constituição de 1988 tenha garantido a posse permanente das terras ocupadas por nativos, a bancada ruralista do Congresso Nacional insiste em ignorar esses direitos, em defesa dos interesses políticos e econômicos. Prova disso é a PEC 215, que propõe alterar a Constituição para transferir do Poder Executivo para o Congresso a decisão final de demarcar as terras indígenas, beneficiando os grandes latifundiários. Logo, isso tem levado ao acirramento de conflitos e violências, como, por exemplo, a recente extração ilegal de madeira em reserva indígena do Pará. De acordo com o G1, cerca de 80 índios se reuniram para proteger as terras. Nota-se que é necessário intervir legalmente e preservar essas habitações.     Torna-se evidente, portanto, que a valorização dos nativos é uma questão em pauta no Brasil. Para resolver tal impasse, o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Cultura, deverá promover, em todas as instituições de ensino, palestras e fóruns interdisciplinares acerca da identidade indígena, evidenciando seu passado histórico e suas contribuições para a cultura brasileira e seu modo de vida, por meio de produção textual, disposição de imagens e entrevistas com personalidades indígenas, com o objetivo de reconstrução da visão do índio na sociedade brasileira e incentivar o respeito à essa comunidade. Por fim, é necessária a intervenção do Poder Público na exploração de terras indígenas, através de uma aplicação mais rígida de medidas judiciais. Desse modo será possível reconhecer o valor dos nativos na sociedade brasileira, bem como nas obras do romantismo.