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Enviada em: 22/09/2017

O sociólogo Darcy Ribeiro, ao analisar o Brasil, percebeu que sua formação advinha de três matrizes étnicas: portuguesa, africana e indígena. Contudo, é evidente que a última não é valorizada em razão de uma concepção de superioridade que impede o respeito à diversidade no país. Sabendo disso, ações governamentais devem ser tomadas, pois a desvalorização dos aborígenes impede a igualdade estabelecida pelos Direitos Humanos e demonstra uma cultura brasileira retrógrada.         Em primeira análise, o desprezo pela etnia indígena é uma evidência da permanência da lógica de superioridade étnica ultrapassada, demonstrando uma mazela cultural brasileira que impede a isonomia entre indivíduos. Isso porque é perceptível que, mesmo possuindo forte influência cultural dos aborígenes, a população é intolerante aos costumes desses por não se encaixarem no padrão nórdico imposto como padrão. Ademais, é possível perceber que o preconceito com tal grupo no século XXI é semelhante à opinião eurocêntrica presente na Carta de Pero Vaz de Caminha do século XVI, comprovando que excluir socialmente essa etnia é um atraso social. Dessarte, é indubitável que a valorização do indígena só ocorrerá a partir de uma mudança cultural, guiada pelo Estado e pela mídia.         Outrossim, a importância da população indígena no Brasil está intrinsecamente ligada à manutenção de uma diversidade que mantém um patrimônio cultural material e imaterial. Nesse sentido, o valor sociocultural das tribos indígenas destaca-se em sua riqueza de linguagem, que influenciou no dialeto atualmente utilizado, e na reflexão sobre a relação entre homem e natureza, pautada na interdependência harmoniosa. Por exemplo, no “Arco do Desmatamento”, território degradado pelos latifundiários plantadores de soja na Amazônia, há um constante conflito entre indígenas e fazendeiros que está dizimando os autóctones e, consequentemente, extinguindo heranças culturais, que vão desde a culinária até o dialeto. Salienta-se, assim, que a valorização do indígena deve partir de um interesse pela pluralidade dos costumes e sua respectiva preservação.         Dessa forma, para que a população indígena seja valorizada no Brasil contemporâneo, o MEC deve inserir no ensino de sociologia, no ensino médio, debates que tragam o tema da importância da defesa das matrizes étnicas, em prol da criação do respeito cultural a favor dos índios nos futuros cidadãos. Além disso, ONGs devem agir na proteção do direito de posse das reservas indígenas, por meio de fiscalização rigorosa, nos locais de maior conflito entre fazendeiros e autóctones. Por último, os grandes canais de TV devem inserir a figura do índio em propagandas e novelas, por meio de personagens integrados no contexto, a fim de criar uma nova imagem para essa etnia e quebrar o tabu de exclusão social de tal comunidade.