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Enviada em: 18/10/2017

O livro "Iracema", de José de Alencar, marcou a primeira fase do Modernismo Brasileiro. Essa obra literária transformava os índios em personagens principais da formação da identidade nacional brasileira, por meio da idealização heroica desses povos. Embora esse grupo não seja o único a formar a nação, seu valor é, de fato, imprescindível para a cultura popular do Brasil. Entretanto, essa relevância não é prestigiada pela sociedade, devido ao etnocentrismo hegemônico e aos interesses econômicos de alguns agricultores.    Em primeiro plano, a percepção da cultura indígena como inferior à urbana impede a valorização desses povos. Nesse sentido, no Brasil Colonial, os portugueses analisavam a cultura da população indígena qualitativamente, a partir de suas próprias visões de mundo. Essa cultura etnocêntrica persiste até hoje, com a manutenção de estereótipos de que índios devem viver em tribos e andar sem roupa. Infelizmente, a legitimação cultural desse tipo de pensamento leva a casos de discriminação, como o ocorrido com indígenas Kayapós dentro de um ônibus, no Pará, em julho de 2017.    Além disso, a violência no campo é um empecilho à total valorização do índio. Nessa perspectiva, com a expansão da fronteira agrícola em direção à Amazônia, os embates entre índios, que visam preservar sua terra ancestral, e fazendeiros, que buscam maximizar o lucro da safra de soja, se tornam frequentes. Consequentemente, a imagem do índio como alheio à sociedade brasileira é intensificada, visto que, na visão dos ruralistas, os indígenas são vistos considerados inimigos do desenvolvimento econômico do Brasil.     Torna-se evidente, portanto, que a valorização plena dos povos autóctones brasileiros não é efetivada devido ao etnocentrismo e aos conflitos agrários. Para solucionar esse problema, medidas são necessárias. Nesse sentido, o Ministério da Educação deve intensificar o ensino sobre culturas de povos autóctones, por meio de palestras com jovens indígenas, que estimularão uma identificação com os estudantes e, consequentemente, a empatia, a fim de desconstruir o etnocentrismo. Além disso, o governo federal deve intensificar a preservação de áreas demarcadas como terras indígenas, por meio da utilização de GPS e satélites, com a finalidade de fiscalizar possíveis violações desse espaço por parte dos agricultores. Assim, a valorização do índio poderá sair dos contos de literatura e se tornar realidade.