Materiais:
Enviada em: 25/10/2017

Complexo de Iracema              Padre José de Anchieta, autor das primeiras obras feitas em terras brasileiras, muito escreveu acerca dos nativos do país e talvez nunca imaginou que o diferente modo de vida desses povos, que tanto o fascinou, beiraria ao completo extermínio, cenário vivido na atualidade. Fica evidente, nesse caso, a urgência do debate do tema. Vale destacar, diante da questão, que há no Brasil a persistência de um conflito por terras envolvendo os indígenas, que gera, além de outros impactos, a aculturação desses povos.       A priori, é fundamental pontuar que a maior parte dos territórios indígenas no Brasil fazem parte da Amazônia Legal, essa rica em recursos naturais,  o que faz das reservas indígenas barreiras à exploração desses recursos. Nesse contexto, a defesa e preservação dessas reservas, direito conquistado e previsto na constituição de 88, são prejudicadas visto que a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão responsável, está sob limitações políticas e orçamentárias. Vê-se, com isso, que as opressões ao modo de vida do índio para favorecer o setor privado é uma atitude anti-constitucional e não pode acontecer.         Por essa lógica, não há como negar que a perda do espaço cultural indígena acarreta numa fragilidade de sua autoafirmação, em especial numa sociedade que não valoriza a diversidade cultural desses povos. É perceptível, dessa maneira, que Iracema, um clássico da literatura romântica, assim como várias obras e recursos, criou um complexo do índio caricato no brasileiro, que acabou por homogenizar todo rico o universo indígena. Por consequência, deve-se entender que se não houver amparo desses povos, não só algumas culturas, mas uma parte importante do país morre.       Infere-se, portanto que resolver a questão do território indígena impede que haja aculturação dessa população e a forneça maior poder na mudança de sua imagem estereotipada. Nesse sentido, é dever dos Três Poderes facilitarem o trabalho da FUNAI em demarcar terras indígenas, atuando de maneira moral e não cedendo a pressões de interesses privados que visam corromper o processo. Além disso, é imprescindível que os indivíduos, como atores sociais, fiscalizem os poderes e exijam pelo cumprimento da Constituição Federal. Assim, poder-se-á acreditar que as diferentes culturas possam, ainda, fascinar as próximas gerações, como foi com os primeiros europeus que chegaram aqui.