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Enviada em: 28/10/2017

Em Iracema e O Guarani, duas obras clássicas da segunda fase do romantismo brasileiros, escritas por Jose de Alencar, o índio é simbolo de heroísmo e fonte de inspiração para a composição do sentimento nacionalista brasileiro. Hodiernamente, porém, as populações indígenas e seus costumes são continuamente desrespeitados, revelando uma das faces mais lamentáveis de nossa sociedade. Esse quadro perdura, principalmente, pela falta de empatia somada a cidadãos já familiarizados com o problema.         Em primeiro lugar, é notório que a sociedade tem sua parcela de culpa no cenário vigente. Segundo o escritor austríaco Franz Kafka, a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. No entanto, muitos brasileiros parecem não concordar com essa frase, visto que o comportamento de grande parte da sociedade brasileira para com os povos indígenas ainda é regido por sentimentos egoistas e preconceituosos, em vez de, como Kafka gostaria, sentimentos empáticos e solidários. A consequência dessa situação é o repudio a sabedoria popular indígena e suas lendas.         Além disso, a cronicidade do problema é um entrave à resolução desse fenomeno. Segundo o poeta e dramaturgo francês Victor-Marie Hugo, entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há certa cumplicidade vergonhosa. A vista disso, pode-se afirmar que o fato de grande parte da população ter se habituado com a situação, por esta já existir há décadas no pais, deve ser encarado como motivo de vergonha pois, em certa intensidade, esse comportamento dá liberdade para que o Estado e a iniciativa privada continuem tratando o setor com descaso.         Infere-se, portanto, que preservar a cultura indígena constitui um sério desafio para a nação. Ao Estado, na figura de Poder Executivo, compete velar pela causa indígena, por meio da elevação da FUNAI ao status de ministério, objetivando conceder maior poder e recursos à instituição. Paralelamente, a mídia, grande influenciadora, deverá elucidar a população sobre os direitos dos povos indígenas, mediante veiculação de comerciais didaticos em horário nobre, com o intuito de engajar a população na luta pela preservação dessas culturas. Assim, com Estado e sociedade civil unindo forças, será possível alçar o índio ao mesmo status que desfrutava na literatura romântica.