Materiais:
Enviada em: 06/06/2019

No poema ''O Mostrengo'', Fernando Pessoa descreve a natureza como um monstro, o qual reconhece as más intenções dos portugueses durante as Grandes Navegações. Na obra, o homem e sua cultura se impõem e vencem o meio natural, através da coragem e da ciência. Nesse sentido, a visão do autor é fomentada na atualidade, em face da consolidação de entraves governamentais e coletivos. Sendo assim, desconstruir a barreira do comodismo e retificar a educação ambiental é salutar na efetivação do desenvolvimento sustentável no Brasil contemporâneo.      Em primeiro lugar, esse panorama recai sobre o papel do Estado. A Organização das Nações Unidas dispõe de dezessete objetivos para transformar o mundo, dos quais pelo menos oito visam o desenvolvimento sustentável. Para a instituição, é primordial a participação efetiva dos governos, de forma a estimular hábitos ambientalistas. Contrariamente, tais considerações não são priorizadas no Brasil, uma vez que, conforme relatório do IBGE, a participação de energia não-renovável na matriz energética brasileira cresceu de 56% em 2003, para 58% em 2012, e isso se deve à descoberta das reservas de pré-sal e ao crescimento das vendas dos automóveis. Dessa forma, esse fato demonstra que, apesar de possuir recursos para produzir energia limpa, o país não obteve êxito em conciliar desenvolvimento sustentável e econômico.      Ademais, a maior parte da sociedade demonstra-se alheia à questão ambiental. Conforme pesquisa realizada pelo Instituto Akatu, 76% dos entrevistados não praticam medidas de proteção ao meio ambiente, pois, segundo os mesmos, a ação de um indivíduo não fará diferença. Esse resultado evidencia a necessidade da educação ambiental, posto que informar, orientar e alertar sobre as condições do planeta proporcionam uma postura mais crítica da coletividade, que passará a compreender as práticas ecológicas como exercício de cidadania.Assim, diante da necessidade de uma mudança comportamental, o conhecimento surge como fator determinante na busca pelo equilíbrio.      Infere-se, portanto, que o desenvolvimento sustentável encontra barreiras para ser efetivado no Brasil. Logo, para reverter essa realidade, é essencial, em primeiro lugar, que a sustentabilidade seja meta para o governo, via práticas que favoreçam as relações ecológicas - investimento e barateamento em energia limpa e renovável, a fim de estimular a população à praticas menos poluentes. Em segundo,o exercício da educação ambiental, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, por meio de metodologias ativas e adesão na grade curricular, com o intuito de sensibilizar e alertar a população,além de apresentar propostas de responsabilização e reconhecimento do ser humano como principal protagonista.