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Enviada em: 04/07/2018

Retratada como objeto de desejo de pastores durante o Arcadismo, idealizada e tida como frágil pelos autores românticos e comparada a animais no contexto do Naturalismo, a mulher sempre foi referida nas obras literárias brasileiras. No entanto, somente no Modernismo ela passa a ter voz e, pela primeira vez na história do país, figuras femininas como Anita Malfati e Tarsilla do Amaral equiparam-se a grandes nomes masculinos, como Mário de Andrade e Lima Barreto. Contudo, apesar do êxito no cenário artístico, ainda há muito o que ser conquistado por elas para que se solidifique a completa equidade entre os gêneros, seja no mercado de trabalho, seja na esfera política.         Nesse contexto, o problema da desigualdade tem raízes antigas e reflete no mercado de trabalho atual. Dessa forma, é possível perceber que, desde o período Neolítico, a função de caça e coleta era incumbida ao homem, enquanto a mulher devia se dedicar aos cuidados com os filhos e com a moradia. Nesse viés, apesar de arcaico, pode-se notar a atemporalidade do papel social de homens e mulheres aplicado na Pré-História. Sendo assim, ainda que tenham conquistado, em 1951, uma melhoria nas condições trabalhistas, por meio do reconhecimento da igualdade entre os sexos pela Organização Internacional do Trabalho, a luta feminista não pode parar, visto que, a realidade brasileira diverge do que fora proposto e o número de homens empregados ainda era 20% superior ao de mulheres na mesma situação, segundo dados obtidos pelo Fórum Econômico Mundial no ano de 2016.       Em segunda instância, convém ressaltar a importância da luta feminina no cenário político. Nesse âmbito, sabe-se que a mulher conquistou o direito ao voto no ano de 1932 e que, em 2011, uma mulher foi eleita para ocupar o mais alto cargo político do país. Entretanto, apesar dos triunfos femininos no ramo da política, a disparidade entre os gêneros persiste, e o reflexo desse desequilíbrio é visto no ínfimo número de mulheres que ocupam cargos governamentais no país, prova disso é que, segundo pesquisas do IBGE, esse valor correspondia a apenas 11% dos cargos administrativos em 2017, apesar de elas representarem 52% da população brasileira, conforme a mesma fonte.         Urge, portanto, a adoção de medidas que solucionem o impasse. Destarte, é preciso que o Estado crie ações afirmativas a fim de estipular um número mínimo de mulheres trabalhando nas empresas nacionais, para que haja um abrandamento da dívida histórica para com o gênero feminino por meio da redução do número de brasileiras fora do mercado de trabalho; ademais, cabe ao Governo fiscalizar a execução dessas medidas. Outrossim, é essencial que os partidos políticos patrocinem as candidaturas femininas, com o fito de fomentar a participação da mulher no cenário governamental. Quem sabe assim, a sociedade caminhe rumo ao modernismo ao garantir a isonomia entre os gêneros.