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Enviada em: 04/03/2019

Embora o movimento feminista seja encarado como "vitimismo" é importante observar que há grande diferença entre vitimismo e ser vítima de uma situação. Mulheres de todos os cantos do mundo sofreram ou ainda sofrem imposições das mais diversas, provas disso vão desde casamentos forçados, desigualdade salarial se comparada a um homem na mesma função, até a recente promulgação de leis para que tenham voz e possam defender-se em situações de risco.       Recentemente em uma entrevista para BBC News Brasil uma americana relatou que fora forçada a se casar aos onze anos e a cumprir seus deveres conjugais, vindo a engravidar do primeiro filho aos 15 anos e assustadoramente entre 2000 e 2015 mais de duzentas mil crianças passaram por situações similares, segundo a mesma fonte. O Brasil não está imune a essa desonra, visto que casos de violência sexual e infantil são mais comuns do que se divulga. Recentemente Eva Luana, estudante de direito de Salvador, teve seu caso repercutido por meio das redes sociais. Por anos foi largada à própria sorte sem que a justiça cumprisse seu papel de defendê-la dos abusos sofridos pelo padrasto.     Mulheres não estão perpetuando dores do passado, pelo contrário, estão em busca de liberdade e autoridade em seus posicionamentos para quebrar o silêncio e a humilhação que por tanto tempo foi a única opção. De acordo com uma pesquisa da Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo Federal, a cada 12 segundos uma mulher é violentada. No Brasil somente há 42 anos a lei do divórcio foi sancionada, isso significa que até então quaisquer que fossem as injustiças deveriam ser caladas e resolvidas sem digna proteção. A lei Maria da Penha, que veio para assegurar as condições de vida e segurança para as mulheres, existe há apenas 13 anos, após muita luta e resistência.     Desse modo, é possível afirmar que se não fossem as mulheres lutando por seus direitos não haveria quem os conquistasse. O movimento feminista vai de encontro a muitos adversários, entre eles homens comuns, que inconscientemente ou não, julgam-se superiores por sua força física, idade, profissão e até mesmo pelo devaneio de se acharem no direito de satisfazer todos seus desejos.      A caminhada pela garantia da voz da mulher está apenas começando. É necessário que escolas abordem com mais veemência os direitos humanos, seja incluindo essa disciplina na grade curricular ou abordando casos reais, como o de Eva, em debates, workshops e palestras. Cabe também ao Judiciário a aplicabilidade das leis de proteção à mulher para que não haja mais nenhum obstáculo para que a dignidade seja realmente a todos, visto que ao que parece, até o século XXI as mulheres não são tratadas de acordo com seu valor.