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Enviada em: 10/05/2018

Rouba tanto, tanto faz.  A série South Park retrata em um de seus episódios o drama do personagem Stan. Durante a eleição para o novo mascote da escola, o garoto vê-se pressionado a votar em candidatos que não o representam, ora pelos estudantes estudantes adeptos do "tanto faz", ora pelos colegas que consideram certo candidato um verdadeiro ídolo. Apesar de fictício, o enredo dialoga com as dificuldades enfrentadas pelo eleitor consciente no Brasil, frente um misto de descrença e adoração.  É válido analisar, antes de tudo, as causas do ceticismo político no país. Nesse sentido, cabe citar o conceito de banalização do mal, o qual defende que a exposição constante a atitudes maldosas gera uma espécie de anestesia coletiva. Em outras palavras, os relatos diários de lavagem de dinheiro e impunidade para com os corruptos criam a sensação de que a corrupção é inerente à vida política. Desse modo, os cidadãos assumem que se todos os candidatos estão corrompidos ou irão se corromper, não faz diferença em quem votar.  Tamanha incredulidade, por outro lado, pode servir de gatilho para que a política se torne uma espécie de religião. Isso porque o pessimismo da população sobre a administração do país faz com que alguns políticos sejam vistos como salvadores da pátria. Faz-se valer, assim, a teoria weberiana de dominação carismática, na qual as massas se comportam não como eleitores, mas sim como fãs, servos, robôs.  No Brasil já não é raro ver políticos estampados em bolos de aniversários, notas de real ou tatuados na pele de seus seguidores. Nessa situação, o voto é tão ou até mais imprudente que na anterior.  Fica claro, portanto, que o Brasil vivencia uma dualidade ideológica que culmina em um uso irresponsável das urnas. Assim, urge que o Poder Legislativo crie leis mais duras e elaboradas de forma a evitar brechas jurídicas e manobras políticas por parte dos políticos corruptos. Além disso, é necessário que as corporações midiáticas se unam e criem um portal online que contenha dados detalhados das fichas de cada político atuante e cada candidato das eleições. Tal ficha deve conter os antecedentes criminais, as investigações as quais estão sujeitos, os projetos aprovados, etc. Assim, a população será capaz de receber as informações de forma ativa, conhecendo os políticos a fundo, não como um grupo totalmente criminoso, muito menos como heróis nacionais.