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Enviada em: 28/05/2018

Em 1891, foi promulgada a primeira Constituição republicana do Brasil. Embora estabelecesse o fim do voto censitário, tal documento não garantia a todos os membros da sociedade brasileira o pleno direito à participação política, excluindo, por exemplo, analfabetos e mulheres. Hodiernamente, apesar de essa realidade ter sido superada com a Constituição Cidadã, a qual instituiu de fato o sufrágio universal, vê-se que o voto consciente ainda é negligenciado por parte da população. Por conseguinte, esse panorama, ligado ao falho sistema educacional do país e ao desinteresse popular, deve ser analisado no contexto vigente.   Primordialmente, deve-se destacar a crença enraizada na coletividade brasileira acerca da complexidade dos assuntos ligados à política. Nesse sentido, vê-se esse quadro é resultado da precariedade do ensino nacional voltado ao estudo dessa ciência e de sua importância. Assim,em virtude da falta de conhecimento sobre tal tema, os cidadãos brasileiros, em sua fase adulta, negligenciam os desdobramentos da realidade política do país, o que abre margem para a alienação das massas e, consequentemente,para as práticas abusivas por parte das autoridades, como o desvio de verbas. Dessa forma, a política deixa de se enquadrar ao modelo idealizado por Aristóteles,o qual defendia que essa deve visar ao bem comum, e passa a atender, frequentemente, aos interesses dos grupos que estão no poder.   Outrossim, é válido salientar a constante generalização feita pelos eleitores sobre  conduta desonesta dos governantes brasileiros. Com efeito, é perceptível que esse pensamento  é decorrente do desencanto dos habitantes frente aos casos de corrupção que assolam continuamente a gestão do patrimônio público. Consequentemente, torna-se evidente, no panorama atual, a falta de engajamento na busca por melhores condições políticas, gerando equívocos no momento da escolha dos candidatos. De acordo com o filósofo francês Francis Wolff, o "desinteresse por política ameaça a democracia”. É notório, então que, da mesma forma como defende o pensador, a banalização dessa atividade pode prejudicar o exercício dos direitos dos cidadãos.  Fica clara, portanto, a necessidade de superação do atual quadro de negligência do voto consciente no Brasil. Destarte, cabe às secretarias estaduais de educação o maior direcionamento do ensino público ao estudo da ciência política. Tal medida, que deve ocorrer mediante a realização de palestras que contem com a presença de professores especialistas, bem como a inserção de disciplinas relacionadas a esse tema nas grades acadêmicas, visa à maior conscientização  dos eleitores brasileiros sobre a importância da política. Com essas ações, tal problemática será paulatinamente suplantada no país.