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Enviada em: 15/10/2018

É sabido que o voto no Brasil é uma conquista advinda de um processo de luta e de reivindicações. Isso porque em alguns períodos, como o do Brasil Império, o voto era restrito ao sexo masculino, com idade mínima de 25 anos, além do emprego do sistema censitário, em que a condição financeira indicaria se o cidadão estava apto ou não a participar do processo de escolhas políticas. Diante desse longo contexto de extensão de direitos aos indivíduos, hoje, o voto é um mecanismo eficaz para que as transformações sociais necessárias ocorram e para que a qualidade de vida da população se amplie. Dessa maneira, é indubitável que os eleitores votem de forma consciente.      Primeiramente, é importante considerar que a legitimidade de um político – em um regime democrático – ocorre por meio do voto. Logo, os representantes eleitos serão os administradores dos impostos pagos pelos cidadãos. Dessa forma, as exigências quanto ao oferecimento de serviços públicos de qualidade poderão ser recorrentes, já que o indivíduo tem o direito de cobrar ações que promovam o desenvolvimento em áreas, como a educação, saúde e economia. Assim, é imprescindível que o voto seja pautado em critérios que priorizem o bem-estar e o avanço coletivo, pois quando esse é associado a práticas clientelistas, em que os interesses particulares se sobrepõem, o Estado acaba deixando de cumprir o seu papel de provedor de direitos sociais e fomentador do progresso - como proposto por Augusto Comte, fundador do positivismo – e passa a atender apenas os desejos de elites.        Ademais, é válido mencionar que o voto pode garantir a representação do cumprimento aos direitos também das minorias sociais que sofrem com exclusão e intolerância. Exemplo disso foi o marco na história da mulher, quando as mobilizações em prol do sufrágio feminino ocorreram. A vitória não ficou restrita ao direito de votar e ser votada, conquistada em 1932, mas estende-se aos dias atuais na luta pelo empoderamento feminino e pela busca da igualdade de gênero. Desse modo, é constatado que Hannah Arendt, filósofa política, mostrou com coerência a necessidade de que as pessoas se unam em busca dos direitos humanos, já que o poder nunca é propriedade de um indivíduo, mas que ele é configurado pela vontade da coletividade.        Fica evidente, portanto, que o voto é um instrumento interventor na realidade do homem e que por meio dele mudanças podem ocorrer. Nesse sentido, é fundamental que os eleitores busquem analisar os programas de governo, como também investigar ficha pessoal e profissional de cada candidato, evitando eleger pessoas incapazes de gerenciar o poder. A mídia pode ampliar o debate dessa temática por meio de propagandas e de programas de auditório, no intuito de incentivar o voto consciente. Com isso, o Brasil poderá ter maiores avanços e os benefícios poderão ser estendidos a mais indivíduos.