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Enviada em: 23/10/2018

O filósofo grego Aristóteles afirmava que o homem é um animal político. Por outras palavras, o pensador acreditava na ideia de que por o indivíduo necessitar do outro para existir, de maneira a não suportar viver de forma isolada, o mesmo possui uma espécie de sociabilidade inata. Nesse viés, sabe-se que a democracia ateniense foi inspiração para as nações ocidentais, que hoje adotam um sistema representativo. Sendo assim, depreende-se que o voto é vital para a manutenção da mesma. Para que isso o voto seja ciente, é imprescindível que a sociedade seja esclarecida e que exerça a alteridade.    A princípio, para garantir que o voto do brasileiro seja consciente, a sociedade deve ser estimulada pelo sistema educacional a sair de sua menoridade kantiana, definida como a permanência intelectual do indivíduo em um estado acrítico, ou seja, de passividade. Ao sair da menoridade, o sujeito alcança o  que Immanuel Kant denominou como "esclarecimento" e consegue pensar por si mesmo, de maneira desalienada. Como exemplo da importância do esclarecimento para o regime democrático, é possível mencionar a obra literária "A Revolução dos Bichos" de George Orwell, que mostra a indispensabilidade da contestação das informações recebidas diariamente para impedir o surgimento de uma ditadura e  para realizar uma escolha segundo sua própria análise.    Além do pensamento crítico, o exercício da alteridade também deve ser perpetuado entre os indivíduos. O filósofo Lévinas definiu esse conceito como o auto-reconhecimento por meio do olhar para o outro e um caminho no qual sujeito se torna responsável pelo próximo, de modo a alcançar a justiça. Sob essa perspectiva, a ética da alteridade proporciona uma busca coletiva pelo bem comum através de uma abertura ao diferente, oferecida pela educação. Em suma, entende-se que é por meio da alteridade que a equidade se torna uma realidade social, pois a mesma é motivadora de uma manifestação comunitária, a qual é materializada pela ação de votar.    Em síntese, conclui-se que para que as pessoas votem de forma consciente, é essencial a ação do Ministério da Educação, em parceria com escolas e universidades para estimular os alunos a pensarem de forma contestadora. Para isso, o estabelecimento de livros de leitura obrigatória na grade educacional desde a educação básica poderá proporcionar aos alunos o olhar sobre outras realidades e estimulá-los a reflexão sobre temas cotidianos. Ademais, o Ministério da Educação também pode promover um treinamento aos professores dado por especialistas em educação que os estimulem a darem aulas significativas e em um formato no qual os alunos possam debater assuntos a respeito das matérias. Desse modo, poder-se-a estabelecer uma educação com abertura de fala e um fluxo de ideias e formar cidadãos esclarecidos aptos a exercer o voto de forma lúcida.