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Enviada em: 30/05/2019

Da compreensão do significado das revoltas cativas nos séculos XVI e XVII, até a abolição da escravatura em 1888, o estudo do período colonial e imperial tupiniquim tornou-se essencial para o entendimento das raízes de luta e resistência que marcaram a nação. Nesse sentido, os quilombos - comunidades formadas por escravos fugitivos - representam um campo de estudo indispensável para o entendimento do estilo de vida e organização social dessas comunidades. Desse modo, é lícito afirmar que a importância dos quilombos no Brasil hoje é relativizada, seja pela marginalização da população quilombola, seja pelo baixo interesse no desenvolvimento de pesquisas acadêmicas que podem contribuir para uma maior compreensão a respeito desses povos.      Em primeira análise, convém ressaltar os quilombolas hoje, no Brasil, sofrem uma marginalização advinda do Estado. Isso acontece porque o Governo, maior responsável pelo bem estar desses povos,  há décadas, ignora demandas básicas e cruciais para essa população, como o direito à terra. Em decorrência desse desamparo, os quilombos existentes no país ficam à margem da sociedade e permanecem invisíveis, sem o direito à cidadania e a necessidades básicas. Hoje é comum ver na mídia, por exemplo, matérias a respeito de apropriação de terras quilombolas por latifundiários que, motivados pela fragilidade legal, sentem-se legitimados a realizar ações criminosas dessa natureza.    Além disso, as Universidades no Brasil são omissas na realização de estudos científicos que poderiam auxiliar e contribuir para a melhoria das condições de vida nos quilombos hodiernos. Isso decorre da limitação curricular existente nos cursos de ciências humanas no país, que limitam-se a uma grade de disciplinas focadas no tradicionalismo: análises sobre estruturas familiares em engenhos, tráfico negreiro, etc. Por consequência de tal limitação, a importância dos quilombos como forma de conservar registros de um período obscuro do Brasil não é reconhecida. Dessa forma, observa-se que a invisibilidade dessas comunidades, um século depois da libertação dos escravos, permanece.     Torna-se evidente, portanto, que é papel do Estado e das Universidades fazer a sociedade consciente em relação à importância dos quilombos no Brasil hoje. Em razão disso, o Poder Legislativo deve, a fim de dar segurança jurídica às terras quilombolas e evitar apropriações irregulares, propor, por meio de emenda constitucional, projeto de lei de demarcação de territórios pertencentes a quilombos. Ademais, o Ministério da Educação, em parceria com estudiosos sobre populações quilombolas, deve inserir no ensino médio e cursos de graduação em ciências humanas, disciplinas que tratem da relevância dos quilombos, a fim de oferecer uma percepção completa do período escravagista brasileiro. Assim, os quilombos no Brasil contemporâneo poderão ter seus méritos reconhecidos.