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Enviada em: 16/09/2019

O movimento pelos direitos civis negros, ocorrido nos Estados Unidos, remeteu uma forma de resistência contra o processo de segregação racial desencadeado por alguns estados americanos após 1965. No Brasil, esse símbolo de recusa está atrelado, principalmente, aos quilombos, uma vez que, apesar de não terem um grande reconhecimento social, representaram a luta de uma minoria por igualdade e aceitação cultural; o que pode ser refletido, respectivamente, pela sua relação com a simbologia de resistência e sua participação na construção da identidade nacional.     A princípio, vale ressaltar que os mocambos eram sociedades formadas por escravos, alguns índios e brancos marginalizados. Historicamente, para os europeus, essas organizações serviam, sobretudo, como um “local de fuga” para negros refugiados e que não tinham condições favoráveis para sobreviver. Por outro lado, para esses indivíduos, esses acampamentos simbolizavam um local de acolhimento e proximidade aos seus ideais, visto que, mantinham-se vivas, nessas comunidades, suas tradições, religiões e costumes. Sob esse viés, a importância dos quilombos se deu e dá, majoritariamente, pela conservação da cultura afro-brasileira e pelo sinônimo de persistência contra à escravidão e ao racismo na sociedade.     Ademais, outro fator que potencializa sua relevância é a representatividade de outra civilização ao mesmo tempo em que participa da miscigenação étnica e da construção identitária do Brasil. Palmares, por exemplo, o mais conhecido dos quilombos, teve sua região reconhecida como patrimônio histórico da Mercosul em 2017, segundo dados da Agência Brasil. Logo, ainda que remeta a um caráter de maior valorização e visibilidade da cultura afrodescendente e sua importância na história nacional, representa também um retrocesso no espaço da diversidade local em relação ao “atraso” para receber tal significado público.     Infere-se, por conseguinte, medidas necessárias para resolver impasses relacionados à importância de elementos simbólicos para a construção da identificação social. Faz- se necessário, primeiramente, que as prefeituras, em parceria, com as secretárias de educação promovam uma reestruturação na grade curricular dos ensinos fundamental e médio, por meio da inserção de atividades didáticas – como, por exemplo, visitas a museus, patrimônios regionais/nacionais, centro de pesquisas etc. - relacionadas à história do Brasil e a sua formação sociocultural, para que os jovens possam adquirir um maior conhecimento sobre o seu país e respeito à multiplicidade. Dessa forma, torna-se mais propício alcançar uma cidadania igualitária e plural.