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Enviada em: 20/08/2019

No filme Bicho de sete cabeças, inspirado em uma história real de um jovem brasileiro, o protagonista é internado involuntariamente por seu pai em um hospital psiquiátrico. Uma das justificativas da internação foi um cigarro de maconha encontrado na jaqueta do filho. Porém, o hospital revelou-se um local de agressões e abusos, não contribuindo para a melhora dos pacientes. Nessa perspectiva, os problemas do uso de drogas são situados apenas no indivíduo, bem como a avaliação das instituições para dependentes ficam duvidosos, pois o julgamento desses pacientes não é relevante para a sociedade.       Em primeiro plano, há vários fatores que influenciam a dependência química: econômicos, sociais e biológicos, sendo assim, o individuo não é o único responsável pela sua drogadição. Logo, o isolamento causado pela internação não exclui os problemas do ambiente e ao retornar para realidade, geralmente, o usuário retoma aos seus antigos hábitos. Paralelamente, as políticas públicas que estimulam a internação vão em contraponto à Luta anti manicomial, revelando-se como um retrocesso.     Ademais, vale ressaltar que a internação compulsória invalida a autonomia do paciente e sua capacidade de julgamento. Por analogia, iguala-se a situação descrita no filme Bicho de sete cabeças, o protagonista passa por vários tratamentos desumanos, como o eletrochoque, e os pais não acreditam no seu depoimento. Dessa forma, muitos hospitais e comunidades terapêuticas ainda utilizam técnicas não científicas  e desumanizadoras, causando sofrimento físico e psíquico.       Portanto, diante desse cenário, o Estado deve intervir diretamente. Primordialmente, o Ministério da Saúde precisa, por meio de investimentos em tratamentos integrativos, tratar os dependentes químicos sem isola-los, para que os fatores sociais e econômicos sejam tratados com a mesma seriedade. Outrossim, a Secretária de saúde de cada município deve investigar os tratamentos utilizados nos hospitais, mediante avaliadores, com o intuito de evitar métodos desumanizadores.