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Enviada em: 27/09/2018

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos cidadãos brasileiros, que buscam ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito à educação. Nesse contexto, não há dúvidas de que a democratização do conhecimento é um desafio no Brasil que ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também à postura indolente da sociedade.   A princípio, a Constituição Cidadã de 1988 garante educação de qualidade  como direito de todos e dever do Estado, sendo o compromisso deste prover o acesso igualitário e universal às ações e serviços para sua proteção, todavia, o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo verifica-se que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a oferta não apenas de laboratórios de informática nas escolas, as quais na maioria das vezes possui um acervo de livros ultrapassado, atenuando com isso as disparidades socioeducativas, como também da preparação do número suficiente de profissionais qualificados e especializados, que capacitem os jovens a utilizarem à internet como uma ferramenta na busca de conhecimento, não estão presentes em todo o território nacional, fazendo os direitos permanecerem no papel. Outrossim, nota-se que aceitar a não universalização do acesso ao conhecimento é banalizar o mal. Segundo o Índice Integrado de Telefonia, Internet e Celular (Itic), lançado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a taxa de acesso à internet no Brasil ficou em 51,3%, deixando o País em 72º lugar no ranking global. A precariedade no acesso digital pode comprometer o entendimento da realidade em que o indivíduo está inserido, dificultando a conquista da cidadania plena. Porém, parte da sociedade tem aceitado esse quadro crítico sem questionar. A naturalização desse problema pode ser explicada a partir dos estudos da filósofa Hannah arendt, visto que, devido a um processo de massificação, as pessoas estão perdendo a capacidade de julgar o que é certo e o que é errado. Destarte, infere-se que só a união de esforços entre o governo e a população resolverá esse problema.