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Enviada em: 28/07/2017

Conhecimento: um poder oligárquico       A partir da Constituição de 88, a educação deixou de ser uma assistência e passou a ser um direito, na qual o Estado teria por obrigação fornece-lo. Com o surgimento da internet como possibilidade de distribuição do conhecimento, a democratização desse atributo essencial a vida de um indivíduo parecia garantida. Porém, apesar de romper as barreiras físicas, esse mecanismo possui obstáculos sociais os quais, ao invés do esperado, a mantém como uma nova ferramenta de estratificação no Brasil.      O Brasil possui o quinto maior território do mundo, com regiões geograficamente diversificadas. Esse fator, ainda que motivo de orgulho, pode tornar-se um problema quando a intensão é levar serviços públicos. Uma das formas de viabilizar e facilitar a logística do alcance à educação estaria na dispensa de parte da estrutura física necessária em modelos tradicionais. Com a internet servindo de modal, a educação a distância - já realidade atualmente - preencheria as lacunas existentes em regiões pouco assistidas nesse quesito, transformando o acesso ao conhecimento mais homogêneo.   Ainda neste contexto, analisando a atual realidade brasileira, o objetivo de democratizar o conhecimento por meio da rede mostra-se impossível. Estudando os efeitos da comunicação na sociedade, o filósofo Pierre Lévy afirmou que novas tecnologias criam seus excluídos. De acordo com dados levantados pela empresa americana Akamai, o Brasil possui a segunda internet mais cara do mundo, demonstrando que dentro do âmbito econômico, a segregação concluída por Lévy é uma realidade. Dessa forma, é inviável acreditar que um recurso inacessível a uma parcela da população pode ser a solução de um desequilíbrio de princípios sociais.      Fica evidente, portanto, a necessidade de criação de estratégias para concretizar a internet como meio de democratizar o saber. Para isso, o Governo por meio da Anatel deve cobrar das empresas fornecedoras melhorias no serviço, impondo velocidades mínimas, investimento tecnológico a fim de diminuir custos e alcançar regiões ainda desprovidas de acesso, além de aplicar multas visando uma regulamentação. Ademais, deve investir em instituições públicas como escolas e bibliotecas para que essas possuam uma internet de qualidade, servindo aqueles sem condições de adquiri-la domesticamente. Com isso, será possível disseminar universalmente esse poder.