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Enviada em: 02/10/2018

De acordo com a teoria do ¨Efeito Lúcifer¨, devido ao anonimato e à diluição da maldade e responsabilidades pessoais, quando em coletividade os indivíduos tornam-se mais propícios a cometer atrocidades. Nesse contexto, ao analisar a vida virtual dos brasileiros, é possível averiguar a presença desse efeito em muitos perfis e páginas , as quais, em razão da cultura de ódio e do ineficaz império da lei no combate à intolerância, são usadas por alguns indivíduos com objetivo de disseminar o ódio nas redes sociais.     Em consequência dos impasses anteriormente mencionados, casos como o da menina Júlia Rebeca, de dezesseis anos, que cometeu suicídio após ter sido vítima de cyberbullying, decorrente da exposição de vídeos íntimos em que ela aparecia, não são raros. Motivados pela falta de alteridade, altruísmo e pelo abundante preconceito, os agressores virtuais encontram na internet o espaço ideal para disseminarem sua selvageria. Nessa conjuntura, averigua-se que semelhante ao que acontecia na luta de gladiadores em Roma, onde pessoas eram humilhadas e violentadas até a morte para satisfazer o público, acontece hoje no Brasil. Com uma arma chamada internet, os gladiadores hodiernos têm como principal campo de batalha a web, onde  trazem às vítimas da impetuosidade humilhação e problemas psicológicos que podem sucumbir em suicídio.     Isso posto, verifica-se que além dos contratempos mencionados, há ainda a inoperante aplicação da legislação brasileira no combate aos crimes de cyberbullying. Fato que comprova isso é um levantamento realizado pela Intel. Segundo a pesquisa, das 507 crianças e adolescentes entrevistados, 66% já haviam presenciado casos de hostilidades virtuais. E 21% deles alegaram já ter sofrido com provocações na web. Essa realidade mostra que os ofendedores virtuais veem o espaço digital como uma ¨terra¨ sem lei, ratifica a dificuldade dos órgãos estatais responsáveis em identificar os  provocadores que agem na rede e revela a urgente necessidade de mudanças no contexto atual.     Logo, para que a cultura de ódio no Brasil seja atenuada e a legislação se torne eficaz no combate aos crimes cibernéticos, é imprescindível que redes sociais como o Facebook, mediante a utilização de programas, os quais identifiquem palavras que incitem a violência, bloqueiem páginas e perfis que contenham conteúdos intolerantes. O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações também pode ,em parceria com a Polícia Federal, criar um aplicativo gratuito de denuncias à perfis com temas considerados criminosos. Essas imputações devem chegar à Polícia Federal, e, se forem identificados os agentes eles precisam cumprir penas e pagar multas. Por fim, o Ministério da Cultura, mediante verbas arrecadadas das penas, pode fazer campanhas contra o cyberbully.