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Enviada em: 16/10/2018

Em meados do século XX, deu-se o início da famosa "Era Digital". Essa, apesar de ter sido inovadora no campo da tecnologia e desenvolvimento, afetou profundamente as relações interpessoais, sobretudo no campo virtual. Infelizmente, nesse ambiente, questões como agressão verbal, ameaças e muitas outras formas de violência, são banalizadas cada vez mais. Entende-se, então, que os crimes de ódio na rede e o cyberbullying são problemas alarmantes e, por isso, devem receber total atenção das autoridades.   A princípio, é necessário analisar, antes de tudo, o papel subjetivo da coletividade. Segundo o sociólogo Durkheim, a consciência coletiva é capaz de coagir os indivíduos a agirem de acordo com um padrão prevalecente. Ao seguir tal pensamento, torna-se nítido que, com a chegada da internet, essa coerção se agravou, ao passo que essas críticas ao indivíduo são propagadas mais facilmente. No filme "Cyberbullying", de Charles Binamé, é possível perceber a gravidade de tal questão quando a protagonista, Taylor, entra em estado depressivo graças às ofensas que recebe virtualmente. Em suma, um ambiente com tantas funções e ferramentas frutuosas, na maioria das vezes, é utilizado para a disseminação de ódio e preconceitos.   Ademais, o falso distanciamento sentido pelas pessoas no meio virtual também é um agravante para tal problemática. De acordo com o terapeuta Arnaldo Cheixas, nas redes sociais, a personificação dos interlocutores é menos concreta do que em interações nas quais as pessoas se encontram pessoalmente. Com isso, os indivíduos, escondidos atrás de suas telas, se sentem mais livres para julgarem uns aos outros, tendo em vista que não haverão grandes consequências para as ofensas e ameaças propagadas. Dessa forma, ao negligenciar o cyberbullying e tratá-lo como normal, a população contribui para um retrocesso de toda a sociedade, tendo em vista que a violência, concentrada na internet, pode facilmente chegar nas relações físicas do cotidiano.   Entende-se, portanto, que os crimes de ódio virtual têm sido naturalizados, diariamente. Torna-se necessário que o Governo, por meio de seu corpo legislativo, criminalize as agressões verbais feitas nas redes e, junto a isso, disponibilize pontos de ouvidoria físicos e virtuais para que as vítimas possam efetuar a denúncia e receber apoio. Inicialmente, os agressores, de acordo com a gravidade do crime, deverão pagar indenizações, porém, caso persistam, deverão cumprir pena. Assim, será possível mudar a atual sociedade que, infelizmente, tem sido movida pelo ódio.