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Enviada em: 22/10/2018

Promulgado pela ONU em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos assegura garantias jurídicas para que todo indivíduo viva com dignidade e respeito. Na atual conjuntura, entretanto, o Brasil mostra-se palco de diversos casos de violência e intolerância, tendo como principal veículo a internet. Essa problemática é evidenciada e agravada não só pelo crescimento das redes sociais - e a anonimidade promovida por esta, impulsionando atos de intolerância-, como também pela limitada reflexão da sociedade acerca do potencial de propagação do que é escrito nas plataformas digitas.   Sob um prisma inicial, o advento do mundo digital trouxe novos mecanismos para as relações interpessoais e potencializou discursos de ódio. De acordo com Pierry Levy, ciberespaço - conceito criado por este filósofo- refere-se à virtualização da realidade, que consiste em uma expansão do mundo real por meio da internet, com novos modos de pensar e de se comportar. Nesse sentido, o novo ambiente promove o anonimato de cada indivíduo nas redes sociais e impulsiona atos de intolerância e de violência contra grupos minoritários representativamente devido à certeza da impunidade, o que representa, infelizmente, uma denigração de Direitos Humanos conquistados por muita luta ao longo da história.   Outrossim, a normalização desse comportamento pela sociedade, corrobora a perpetuação do tema. De acordo com a filósofa Hannah Arendt, a passividade e irreflexão das pessoas frente às questões sociais faz com que atitudes visando o mal alheio tornem-se banais. Sob esse viés, a propagação de postagens de cunho ofensivo no que tange à juventude, como o cyberbullying, por exemplo, não são discutidos e continuam sendo veiculados e ironizados. Dessa forma, é inaceitável a ausência da discussão dessa importante questão na nossa sociedade, corroborando a persistência desses atos nocivos à saúde psicológica de muitos jovens brasileiros.   Fica claro, portanto, que medidas governamentais mais eficazes são necessárias para sanar o problema dos crimes de ódio no mundo virtual. Urge que o Governo Federal, por meio do envio de verba ao Ministério da Justiça, amplie a ação das Delegacias de Crimes Cibernéticos em escala nacional, com o aumento das plataformas de denúncia contra atos de injúria e ofensas contra a dignidade do indivíduo nas redes sociais, identificação dos denunciados pela Polícia Federal e julgamento judicial dos protagonistas desses atos. Espera-se, com isso, a gradativa redução dos crimes de ódio nas redes sociais e,assim, minimizando os problemas do ciberespaço.