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Enviada em: 14/06/2017

Segundo Gandhi, a lei de ouro da convivência é a tolerância, já que é impossível que todos pensem da mesma maneira. Entretanto, desde os primórdios da humanidade é possível perceber a ocorrência de práticas intolerantes nas mais diversas sociedades. No Brasil contemporâneo, com o advento da internet, essa situação perpetua-se de forma ainda mais alarmante nos discursos de ódio difundidos nas redes sociais e na prática de cyberbullying. Urge, portanto, a crescente necessidade de se adotar medidas que combatam esse mal.    É inegável que a discriminação incrustada nesses discursos intolerantes possui raízes históricas. Dessa forma, o âmago da questão está no encarceramento do inconsciente humano a uma série de valores preconceituosos amplamente difundidos por séculos. Exemplifica essa situação o fato de que os negros, por tantos anos escravizados, e os homossexuais, queimados pela inquisição, são, ainda no século XXI, os principais alvos dos discursos de ódio na internet. Sob essa ótica, é evidente que a educação é o principal meio de desconstrução dos conceitos arcaicos. No entanto, a questão da diversidade e do respeito ao próximo é pouco discutida nas instituições de ensino brasileiras.    Nesse contexto, a sensação de impunidade e de poder proporcionada pela tela do computador contribui para que o indivíduo extenue nas redes sociais seus pensamentos intolerantes, sem temer as possíveis consequências. Além disso, a ideia de que a liberdade de expressão é um direito ilimitado faz com que até mesmo líderes políticos e religiosos difundam de forma explícita ideais, muitas vezes, preconceituosos na internet. Essa situação é preocupante, pois por terem diversos seguidores, podem influenciar outros indivíduos e perpetuar a intolerância.    É perceptível, portanto, a necessidade de medidas que combatam o problema. Para tanto, o Legislativo deve tornar as leis acerca da intolerância virtual mais rígidas e o Judiciário precisa aplicá-las de forma mais rigorosa a fim de desincentivar a difusão dos discursos de ódio e desconstruir a sensação de impunidade. Junto a isso, o Governo Federal pode criar um órgão que fiscalize as redes sociais por meio de um algorítimo e identifique as postagens intolerantes e os seus respectivos autores. Cabe, ainda, às escolas, abordarem os valores de diversidade e respeito de forma frequente nas aulas de filosofia e sociologia de modo a impedir a fixação de raízes preconceituosas nos indivíduos.