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Enviada em: 06/09/2017

Caiu na rede, é peixe      No início deste século, numa época que nem o Youtube existia ainda, a divulgação do vídeo de um estudante canadense imitando um Cavaleiro Jedi, do filme Guerra nas Estrelas, foi um dos primeiros casos de cyberbullying no mundo. No Brasil, essa violência digital vem aumentando rapidamente, e o pior, o incitamento ao ódio é usado frequentemente nas práticas desse tipo de bullying ainda mais perverso. No entanto, é imprescindível mudar essa realidade, uma vez que a internet precisa ser um ambiente virtual de aprendizagem e não de hostilidade.     A princípio, a sensação de anonimato encoraja comportamentos agressivos e de intimidação nas mídias sociais. Prova disso é a quantidade crescente de jovens que sofrem com ameaças e vazamento de fotos nas redes sociais, conforme mostra uma pesquisa sobre os riscos da internet para crianças e adolescentes no Brasil, que apontou o Facebook como a rede social de maior propensão ao cyberbullying. Aliado a isso, aparece o sentimento de impunidade para os seus praticantes, de acordo com a especialista em bullying Cléo Fante, já que, os agressores atrás de perfis falsos, disseminam discursos de ódios contra a honra das vítimas somado ao preconceito e intolerância. Dessa forma, a dificuldade em reconhecê-los se torna o maior problema, por isso a maioria desses crimes de ódio e de bullying no ambiente digital continuam sem punição, colocando em risco a dignidade de todo usuário.      Segundo Zygmunt Bauman, em ''O mal-estar da pós-modernidade'', todas as sociedades produzem vítimas, e para combatê-las, as mesmas são devoradas e transformadas num tecido indistinguível, com o objetivo de tornar a diferença semelhante. O mesmo acontece nos crimes digitais em que as vítimas são perseguidas e humilhadas, a fim de que sejam eliminadas as diferenças que diferenciam do restante do grupo. Por conseguinte, Bauman também ressalta bani-las dos limites do mundo ordeiro e isso evidencia a principal marca dessas manifestações de ódio e bullying virtual, a exclusão, que trata da incapacidade de pertencer ao grupo. E por fim, a depressão, que pode levar ao suicídio, que seria o resultado de aniquilação das vítimas, conclui o pai da modernidade líquida.     É evidente, portanto, que os crimes de ódio e cyberbullying ainda estão muito presentes na rede. Assim sendo, cabe aos pais estar atentos ao comportamento dos filhos e manter um diálogo que mostre as consequências dessas práticas na vida real. Ademais, é fundamental que a Polícia Federal localize os números de IPs para se chegar aos autores desses atos criminosos. Concomitantemente, o Ministério Público, em parceria com o Poder Judiciário, viabilize e agilize a tramitação das ações para que a justiça seja feita. Só assim, o estudante canadense livrar-se-á dessa ameaça fantasma.