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Enviada em: 22/09/2017

No livro “Extraordinário”, o escritor R.J. Palácio relata a história de Auggie, um jovem portador de uma doença genética que provoca deformidades faciais. Assim, o clima de tensão e medo marcaram os dias antecedentes ao início das aulas. A maior preocupação do estudante era tornar-se vítima do bullying. Fora da literatura, entretanto, a violência psicológica conquistou um novo ambiente: as redes sociais. Nesse contexto, é necessário discutir acerca dos efeitos negativos do ciberbullying.    A princípio, vale pontuar que os insultos recebidos por meio das mídias eletrônicas prejudicam o desenvolvimento sócio-educacional. Comprova-se que a exposição a críticas excessivas - em especial em jovens - acarreta uma queda do rendimento escolar através dos resultados divulgados por psicopedagogas da Universidade de São Paulo, no qual o cyberbullying foi responsável por queda na frequência escolar e redução das médias de notas. Soma-se a isso, o isolamento do indivíduo, que vê a pouca sociabilidade como forma de livrar-se de ofensas. Dessa maneira, considerando a juventude como fase de concepção de valores éticos e morais, como afirmou o sociólogo Émile Durkheim, é preciso que o atual cenário reverta-se, visando garantir a completa evolução dessa faixa etária.    Ademais, convém ressaltar que o anonimato proporcionado pelas redes sociais contribui para a maior ocorrência de hostilidades virtuais. O indivíduo ao “se esconder” atrás das telas de celulares ou computadores sente-se livre de denúncias e punições, desse modo, é estimulado a publicar injurias e difamações. Todavia, como afirmou o filósofo Pierre Bourdieu, aquilo que foi feito para ser instrumento de democracia direta não deve ser convertido em mecanismo de opressão, assim, é indubitável a necessidade de soluções para tornar a internet um local de troca de conhecimentos, discussões argumentativas e área de diversão.     Logo, é inquestionável que haja equilíbrio entre o conteúdo publicado nas redes virtuais. Parra isso, é imperativo que o Poder Público Federal atue, criando um canal de comunicação anônimo – com disponibilidade de contato por meio de telefones, celulares e websites - destinado a denúncias contra o cyberbullying, impedindo com que os agressores continuem impunes e que a vítima tenha medo fazer a denúncia. Além disso, é fundamental que o Ministério da Educação, em associação às escolas públicas e privadas, invista em programas de educação que visem à boa convivência com as diferenças, estimulando valores tolerantes e harmônicos. Ainda, é essencial que a mídia, em associação a ONG’S, divulgue, por intermédio de propagandas, medidas que auxiliem os responsáveis a identificarem comportamentos suspeitos nos filhos, seja como papel de vítima ou agressor, incentivando a busca por ajuda psicológica, garantindo o desenvolvimento sócio-educacional do indivíduo.