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Enviada em: 23/10/2017

Criada no contexto de Guerra Fria, em 1969 nos Estados Unidos, a internet visava manter a comunicação entre os militares e cientistas em caso de bombardeio inimigo. Atualmente, é inegável que tal descoberta oferece um vasto acesso às informações de modo veloz. No entanto, também facilita a difusão de crimes de ódio, que vão desde insultos severos até exposição de conteúdos íntimos. Tais ocorrências configuram o cyberbullying, em geral associado à falta de controle dessas práticas virtuais e aos danos psicossomáticos aos envolvidos.  A dificuldade de fiscalizar os insultos no meio virtual é uma das razões vitais para a proliferação dos mesmos. Conforme revela a Safernet, ONG voltada para a segurança virtual, entre 2012 e 2014, as denúncias de cyberbullying aumentaram 500%. Tais denúncias estão relacionadas à complexidade de se eliminar todas as fontes que guardam os materiais caluniosos devido à capacidade da internet de disseminação de dados. Com isso, o trabalho policial de contenção de tal avanço e de identificação dos infratores, quando estes se utilizam do anonimato, se torna lento e inoperante. Nessa conjuntura, as vítimas são visitadas por um sentimento de impotência e humilhação.  Ademais, verifica-se detrimentos na qualidade de vida dessas vítimas. Segundo o filósofo Jean Sartre, a violência, seja qual for a maneira como se manifesta, é sempre uma derrota. Nesse viés, o fracasso é palpado pelos usuários submetidos às agressões, uma vez que estão propensos à depressão, ao isolamento social, falta de concentração, desapegos aos estudos e até mesmo ao suicídio, como aconteceu em 2012 com a adolescente canadense Amanda Todd, que se suicidou após ter sofrido cyberbullying. Fica evidente que a violência virtual promove empecilhos no que se refere ao convívio social da vítima.   Há de se construir, portanto, meios pelos quais a internet não seja um canal de difusão de crimes de ódio. Para isso, o governo federal deve investir mais nos órgãos especializados no combate aos crimes virtuais tanto na aquisição de tecnologias com maior capacidade de localização dos agressores quanto na aquisição de profissionais capacitados para tal ocupação, a fim de melhorar o atendimento às denúncias referentes ao tema. Em seguida, o governo deve trazer a questão do cyberbullying às mídias sociais, outdoors e comerciais televisivos, estimulando o debate coletivo e conscientização sobre os efeitos colaterais desse fenômeno.