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Enviada em: 02/11/2017

Em 2015, a jornalista da Rede Globo Maria Julia foi alvo de agressões de cunho racista nas redes sociais de forma intencional, repetitiva e sem motivação aparente - caracterizando cyberbullying.  Esse tipo de crime apresenta motivações relacionadas à autoafirmação do agressor, somada à sensação de anonimato e pode gerar danos físicos e morais, muitas vezes fatais para as vítimas. Nesse contexto, a discussão sobre tal problema se faz imprescindível.    A princípio, é possível perceber que essa circunstância se encaixa no pensamento baumaniano. Nesse sentido, o filósofo Zygmunt Bauman afirmou que o individualismo é uma das principais características - e maior conflito - da pós modernidade. Tal aspecto se reflete nos atos de ódio na internet, pois o agressor, numa tentativa de se impor perante a vítima e os espectadores, age de forma egoísta ao tomar como objetivo atingir o alvo a qualquer custo e, além disso, sente-se mais seguro por acreditar que o distanciamento físico garante a impunidade. Como resultado, tem-se uma sociedade individualista na qual os casos de cyberbullying são constantes.     Outrossim, é necessário considerar os efeitos gerados por essas ações. Segundo dados da OMS, as taxas de suicídio no Brasil subiram consideravelmente na última década e o bullying na internet está entre a motivações desse problema. Da mesma maneira, as agressões podem gerar consequências menos fatais, porém muito prejudiciais, como depressão e isolamento social. Ademais, a vítima pode vir a se tornar um agressor no futuro como forma de vingança ou compensação, obedecendo à premissa de Paulo Freire, na qual o filósofo afirma que o sonho do oprimido é se tornar um opressor.    Torna-se evidente, portanto, a necessidade de medidas interventivas. Considerando a educação como o primeiro e mais essencial passo para a mudança, o MEC, em parceria com as escolas, deve inserir esse debate na grade curricular de sociologia, bem como promover campanhas informativas, direcionadas à crianças e jovens através de palestras e cartilhas, elaboradas por profissionais especializados no assunto, que alertem sobre os perigos de praticar o cyberbullying e orientem as vítimas sobre quais atitudes devem ser tomadas em caso de agressão. Fora da escola, o Ministério da Justiça, em parceria com os grandes canais de televisão, rádio e internet, deve atuar informando a sociedade sobre a existência desse tipo de crime, divulgando suas características e a Lei de Combate ao Bullying, sancionada em 2015, através de campanhas publicitárias. A fim de que tal problema, que gera tantos danos sociais, seja encarado de forma séria e objetiva e a integridade física e mental dos internautas seja preservada.