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Enviada em: 02/11/2017

A ascensão tecnológica das ultimas décadas transportou parte da vida social à internet. Juntamente com amigos, estudo e trabalho, vieram o ódio e a violência cotidiana. As mesmas agressões verbais que tanto ocorrem no trânsito têm seu simétrico na rede. A internet, ao contrário do que alguns imaginam, não criou o ambiente para o crime, apenas incorporou e ampliou pequenos delitos com que a população convive há muito tempo.       Quando alguém fala sobre crimes de ódio virtuais, não se refere a  ação de hackers. As infrações desse tipo costumam ser contra a honra, como fazem os "haters", cuja ação é basicamente praticar violência psicológica. Por mais que pareçam crimes diferentes dos comuns no dia a dia, são iguais a uma agressão cometida fora da internet, uma vez que ela é apenas uma extensão da nossa vida social.        Em solo pátrio os brasileiros observam um aumento da violência desde os anos noventa no governo Fernando Henrique. Nessa época a internet no país ainda era restrita, mas a violência já existia, demonstrando que a rede não criou uma nova forma de agressão, apenas adequou a existente.       Contudo, o ambiente virtual não ter inventado o crime não o exime da culpa de o facilitar. Gregório de Matos, para atacar seus desafetos, precisava escrever e publicar poemas ácidos. Hoje basta postar ofensas num perfil pessoal. Certa vez Humberto Eco disse que a internet deu voz aos idiotas. Acontece que ela o fez também aos odiadores.       Vê-se que não existe razão para combater crimes virtuais sem que antes se combatam os reais. No curto prazo os sites de relacionamento podem ser mais claros quanto a sua política de uso para restringir comportamentos inadequados, mas a solução vem apenas com uma política de educação partindo ou do Estado, como campanhas escolares de conscientização sobre os males da violência, ou mesmo da família, educando em casa sobre ética e valores. Nesses casos, a mudança só pode vir da educação individual de cada cidadão, de modo que haja uma mudança na estrutura social como um todo.