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Enviada em: 13/05/2019

O advento da globalização e a consequente notoriedade atribuída às mídias digitais como nova instituição social mediadora das relações individuais e coletivas na sociedade civil, ocorreu de forma expoente e desenfreada. Por conseguinte, essas características personalizaram a Internet como ferramenta dialética, haja vista que a mesma pode ser usada, dentre várias incógnitas, para o construtivismo e o desenvolvimento do conhecimento, bem como para o individualismo e a disseminação dos discursos de ódio. Doravante, a figura dos formadores de opinião surge como marco essencial dessa ambiguidade, a medida que se contrapõe à prática reflexiva dos intelectuais e ameaça a aceitação e a discussão acerca da produção científica do conhecimento.    A priori, o crescimento da relevância coletiva das redes sociais impactaram nos modelos tradicionais de aprendizagem e de relacionamento entre os indivíduos. Conforme o discurso sociológico desenvolvido pelo intelectual Zygmunt Bauman, por meio do aforismo "modernidade líquida", a necessidade de posicionamento imediato forçam especialistas e manifestarem-se por meio de respostas superficiais e pouco embasadas. Isso decorre como consequência do modelo socioeconômico e cultural que prevalece na contemporaneidade: o consumismo. Entretanto, a medida que temáticas complexas exigem que esses debrucem-se sob as diversas variáveis possíveis, torna-se inviável e impossível a padronização de um discurso que abarque toda a circunferência dos debates.   A posteriori, argumentos e discursos ganham caráter mercantilista a medida que se tornam exigência pela sociedade civil, devido a necessidade da resolução instantânea para problemas complexos. Desse modo, a prática reflexiva e crítica do trabalho intelectual e da pesquisa acadêmica sobre determinada problemática é asfixiada por indivíduos que oferecem resoluções imediatistas e espetaculosas acerca dos mais variados temas - inclusive aqueles em que não se possui formação ou conhecimento elementar a respeito das temáticas de análise - e que os impulsionam a uma popularidade bestializada.    Destarte, a influência massiva dessas figuras eleitas por meio da doxa, sem embasamento epistemológico, bem como a aceitação de discursos placebo, que são ofertados sob formas de pílulas prontas, compostas por frases de efeito, são diminuídas a medida que o ensino é ofertado de forma construtivista - como defendia o pedagogo Paulo Freire. Portanto, é necessário que as escolas e as universidades públicas e privadas trabalhem não somente no âmbito acadêmico, mas acolham a comunidade, por meio de palestras e oficinas gratuitas que estimulem o debate acerca de temas regionais e nacionais, de interesse comum. Dessa forma, o conhecimento possibilitará a aprendizagem e a reflexão, em detrimento da absorção passiva de soluções superficiais e irresolutas.