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Enviada em: 18/05/2019

No romance 1984, o escritor George Orwell apresenta um mundo distópico, onde a população vive sob um ininterrupto controle de escolhas e pensamentos.  Nele, existe o Ministério da Verdade, que seleciona e distorce as melhores informações para persuadir as pessoas que ali vivem. Apesar de ficção, essa realidade pode ser projetada para a contemporaneidade, na qual a internet se mostra como protagonista no processo de restrição reflexiva dos usuários. Cabe então, analisar esse fenômeno para, de alguma forma, revertê-lo.      Em primeiro lugar, é evidente que houve a perda do mecanismo de debate na atual sociedade. Isso se deve, em última análise, aos chamados "algoritmos de controle", os quais selecionam as melhores pessoas e informações que se aninhem à mesma ideologia do usuário. Com isso, existe a falsa impressão da verdade absoluta e incontestação do pensamento. Esse processo se encaixa com o surgimento das bolhas sociais, previsto pelo princípio de pós-verdade, em que o "eu" assume a tônica de qualquer ponto de vista, como ocorre com a visão política.    Além disso, existe a questão do consumismo entrelaçado com as relações virtuais. Nesse aspecto, Theodor Adorno afirma que as pessoas têm a "liberdade de escolher sempre o que é a mesma coisa", isto é, a falsa percepção de liberdade, em que as escolhas são manipuladas por meio das maiores tendências. Isso se verifica, por exemplo, devido ao mecanismo de cookies do navegador, que seleciona, baseado nas últimas pesquisas, os melhores produtos para o usuário, levando-o a compra sem mesmo refletir sobre se existe a real necessidade de realiza-la.        Portanto, é mister que se tome providências acerca desse panorama. Assim, é necessário que o Ministério da Cultura, concomitante às mídias televisivas, invistam em propagandas informativas desse processo. Isto é, recortes com alertas, ao apresentar as causas e consequências, a fim de garantir maior acertividade ao público-alvo. Apenas assim, será possível tornar o mundo mais reflexivo e contornar a realidade prevista por Orwell.