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Enviada em: 29/05/2019

O acesso à informação, historicamente, foi associado como forma de detenção do poder, tal como a Igreja Católica restringia o conhecimento a seus membros na Idade Média. Com a revolução informacional vivida a partir dos anos 80 do século XX, torna-se digital o saber de qualquer assunto desejado, fato que permitiu democratizar a sabedoria de forma inédita na história . Entretanto, no Brasil, percebe-se a dificuldade do cidadão em adaptar-se com as novas tecnologias, visto que a população adulta não tem orientação de uso racional destas e permanece inerte uma geração de crianças que pouco aprendem sobre a era digital nas escolas, já que estas mantém um estilo anacrônico de ensino, sem matrizes curriculares que permitam o melhor uso da rede.       Em primeira análise, deve-se considerar o porquê das escolas não conseguirem formar cidadães aptos a viver numa sociedade altamente informatizada. Crianças e jovens se transformam em meros receptores ou propagadores de conteúdo online, sem aptidão para um uso crítico e reflexivo. O filósofo Nietzsche destacou que Tales foi o primeiro filósofo da história por romper a barreira da pura observação para formulação de perguntas, tal como a origem do universo. Certamente, este espírito crítico tornou a Grécia Antiga potência de sua época, pela geração de pessoas que questionam como alcançar maior sabedoria, espírito pouco despertado no Brasil, que impede a educação de avançar.       Consonante com o panorama educacional ruim, os adultos também têm grandes dificuldades em se adequar à rede. Assim, há um grande receio a respeito do uso e fronteiras do conteúdo virtual. Paralelamente, houve a ascensão de redes sociais, que facilitaram a interação entre pessoas, mas são facilmente manipuláveis por algorítimos, que selecionam o que deve ser visto pelo usuário, o que obscurece a reflexão. O mundo online é rico e deve ser livre, mas como o escritor Padre Vieira já alertava no Sermão de Santo Antônio aos Peixes no século XVI, há sal na terra, mas ele pode ser incapaz de salgá-la, em comparativo com o conhecimento e respectivamente, os usuários do país.       Diante do exposto, é preciso dominar a tecnologia para tornar seu uso verdadeiramente democrático, situação que hoje não ocorre em forma plena. Urge então, ao Ministério da Educação, em criar metas de informatização das escolas no Brasil, com compra de equipamentos, e incluir como competência do aluno a preparação para o mundo virtual, integrada à outras áreas do conhecimento, como a Filosofia, que ensina o aluno a pensar efetivamente sobre a realidade. Tal informatização, também, poderia ser usada para cursos técnicos de informática básica para adultos à noite, aproveitando então a ociosidade das máquinas. Somente com este olhar de adaptação a nova era digital, o país pode aproveitar a revolução, bem como alavancar uma sociedade mais consciente.