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Enviada em: 02/05/2019

Como uma paradoxal contraproposta à globalização, que garantiu encurtamento de distâncias entre pessoas e lugares, a industrialização brasileira teve como consequência o alongamento das distâncias. Com a criação de empregos urbanos em larga escala, o inchaço urbano provocou o crescimento das cidades e, assim, ocorreu o aumento dos caminhos percorridos, sendo, pois, responsável por diversos problemas enfrentados pela mobilidade urbana no Brasil. Dessa forma, fica claro que, apesar de a globalização garantir fatores positivos à vida dos cidadãos, há uma necessidade de conciliar acessibilidade e bem estar social, para que o fluxo de pessoas seja eficiente.    Em princípio, verifica-se que houve um mau planejamento das cidades brasileiras. Em virtude da pressa para concluir o seu “Plano de Metas”, Juscelino Kubitschek investiu em rodovias e trouxe indústrias automobilísticas ao território nacional. Com isso, o crescimento urbano se deu segundo as características do modelo subdesenvolvido, concentrando a população rica ao centro das cidades e, à periferia, a classe trabalhadora. Uma vez que o grande contingente de trabalhos e serviços estão presentes, geralmente, ao centro das grandes cidades, há um intenso deslocamento diário de massa populacional das periferias aos centros. Dessa forma, a segregação socioespacial prevê maior gasto de tempo e dinheiro, garantindo ainda mais separação entre pessoas e lugares.    Como consequência, a ineficiência dos transportes em massa faz com que a locomoção unitária seja bem vista pela população. Tal ineficiência pode ser comprovada com cidade do Rio de Janeiro, que conta com apenas cinco linhas de metrô para atender a metrópole. Apesar da diversidade de transportes existente, a melhor opção na relação custo, tempo e benefício, não chega a toda população. Além disso, há, ainda a má qualidade dos ônibus, verificada, por exemplo, pela falta de ar condicionado e a falta de acessibilidade, junto aos longos engarrafamentos e superlotações. Com isso, a fim de evitar tais desafios diários, o automóvel se torna o melhor amigo do homem.    Logo, é inegável que a imobilidade urbana seja um mal estar da globalização. Então, cabe ao poder público municipal realizar investimentos na qualidade e oferta dos transportes públicos, para garantir acesso e conforto durante as longas viagens, além de haver necessidade de baratear passagens, já que a população que mais utiliza os serviços faz parte das classes média e baixa. Ademais, iniciativas privadas podem, junto ao Ministério da Infraestrutura, construir e manutenir ciclovias, para assegurar a segurança, em vista que serviços de terceiros realizam aluguéis de bicicletas a um preço extremamente acessível, atraindo muitas pessoas para essa forma de transporte. Assim, a sociedade brasileira poderá compreender, por fim, as propostas do encurtamento de distâncias propostos pela globalização.