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Enviada em: 01/03/2019

No contexto desenvolvimentista brasileiro da segunda metade da década de 1950, o então Presidente Juscelino Kubitschek, introduziu no país a indústria automobilística. Diante disso, o carro tornou-se um luxuoso objeto de desejo. Em um período onde não se pensava em planos para o deslocamento de pessoas em cidades, o automóvel era símbolo de modernidade e posição social. Ao traçar um paralelo com a problemática da mobilidade urbana no Brasil na atualidade, a sociedade é instigada a refletir sobre os desafios da questão. Assim, é lícito afirmar que, o Estado, com sua ineficiência administrativa, além de fatores culturais da sociedade, colaboram para uma mobilidade urbana ineficaz no Brasil.     Convém ressaltar, antes de tudo, que é ingênuo acreditar que o Governo cumpre seu papel no que se refere à matéria. Apesar de existir, de fato, ações que visam melhorar a dinâmica do tráfego terrestre, como a ampliação de ciclovias na cidade de São Paulo e a construção de veículos leves sobre trilhos em metrópoles como Fortaleza e Salvador, apenas medidas pontuais como essas são incapazes de conter o fato de que, as cidades o país estão nitidamente mais congestionadas. Consequentemente, à medida que perde mais tempo no deslocamento ao trabalho, por exemplo, a população tem a qualidade de vida reduzida. Destarte, nota-se que esse cenário é resultado de anos de negligência governamental em políticas que poderiam, de forma eficaz, oferecer dignidade em locomoção aos indivíduos. Prova disso é só recentemente ter acontecido uma conscientização estatal em investir em projetos de melhorias no trânsito, seja ao designar faixas exclusivas pra ônibus, seja ao implantar binários.    Outrossim, não há dúvidas de que há coeficientes culturais que contribuem para os impasses presentes na mobilidade urbana. É visível que, por sua vez, a sociedade ainda é influenciada pela visão dos anos 1950 do carro como item de ascensão social. Tal concepção é potencializada pela lamentável situação do transporte público no país: ônibus lotados, além da demora na espera. Sob esse esse aspecto, John Locke diz: ''O homem é como uma tela em branco que é preenchida por experiências e influências''. Nesse sentido, ao passo que o sujeito não tem boas razões para usar o translado coletivo, opta pelo transporte individual, que contribui para engarrafamentos e acidentes.    Faz-se evidente, portanto, que ações são necessárias para alterar essa conjuntura. Para isso, o Ministério da Infraestrutura deve, por meio da elaboração de um Plano Nacional de Incentivo ao Uso do Transporte Coletivo, mapear os municípios em que a mobilidade urbana encontra-se de forma mais crítica, e realizar medidas como ampliação de frota de ônibus, que será eficiente em reduzir lotações, e aumento dos corredores exclusivos para transporte público, que irá otimizar o deslocamento. Dessa forma, o indivíduo poderá ser incentivado a utilizar a condução coletiva, que será mais digna e ágil.