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Enviada em: 11/08/2019

Os problemas de locomoção no Brasil remetem ao que o escritor Jean Baudrillard abordou em “À sombra das minorias silenciosas”, com a visão de uma sociedade irracional e segregada. Analogamente, a indiferença humana em torno da área social estabelece limites nas relações entre os homens. Essa negligência social afeta, inclusive, a população residente em grandes cidades. É nesse viés que a problemática da falta de mobilidade urbana aponta os desvios comportamentais da sociedade nos atuais paradigmas do Brasil.        Em primeira análise, as causas da falta de mobilidade em grandes centros urbanos podem ser observadas sob perspectivas sociais e humanas, tendo em vista que se tornaram reflexos da perpetuação do individualismo no tecido social brasileiro. O grande número de veículos em estradas brasileiras se dá em decorrência do pouco uso dos transportes coletivos ou da ausência de caronas. A busca pelo conforto dentro do próprio veículo faz com que pessoas não troquem o carro pelo transporte coletivo lotado. Da mesma maneira, são poucos indivíduos que aceitam esperar por uma carona em vez de retirar o carro da garagem. Dessa forma, percebe-se, na área social, uma falência de ideologias que confirmam a visão de Baudrillard.         Evidentemente, é preciso salientar os impactos para a própria sociedade e para o meio ambiente. O excesso de veículos resulta em congestionamentos nas principais vias do país. Esse problema gera estresse na maioria dos motoristas e dos passageiros, o que afeta diretamente a saúde desses indivíduos. Além disso, os gases provenientes da queima de combustíveis de diversos veículos agrava a poluição, aumentando a quantidade de gases causadores do aquecimento global. Dessa maneira, ao analisar as consequências da falta de mobilidade urbana, pode-se dizer que há uma relação de interdependência entre o indivíduo e a sociedade, como teorizada pelo sociólogo alemão Norbert Elias.         Fica evidente, portanto, que os preceitos elementares entre indivíduo e sociedade, assegurados pela teia de interdependência de Elias, devem ser explorados de forma que a população brasileira adquira novos valores de cidadania acerca da mobilidade urbana. Nessa perspectiva, faz-se necessário que o Ministério da Educação –em parceria com instituições privadas- promova a criação de vídeos e de enquetes, por meio de plataformas digitais, com discussões e debates desenvolvidos por profissionais da área sobre o benefício do uso de transportes coletivos e das caronas, de forma que a Educação Social desperte a preocupação e o conhecimento da população, já que se observa uma alteração nos padrões sociais brasileiros. Afinal, segundo o autor norte-americano Skinner, a educação sobrevive mesmo quando todo o resto aprendido é esquecido.