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Enviada em: 05/05/2019

A mobilidade urbana (facilidade de deslocamento das pessoas e bens na cidade) vem causando impactos econômicos, políticos, ambientais e sociais há pelo menos 40 anos. Segundo o Globo News, o Brasil perde R$ 267 bilhões por ano com congestionamentos. Isso acontece pela escolha de ter o carro como protagonista, o que está em convergência com o estilo aristocrático da sociedade brasileira de evitar a plebe (o povo comum), como defendia Roberto DaMatta, no seu livro Fé em Deus e pé na tábua. Nesse contexto, a movimentação de pessoas afeta o direito à cidade e a saúde das pessoas.         A priori, o deslocamento urbano influencia no direito à cidade, visto que o pedestre não é a prioridade desse sistema. Tal fato ocorre porque os trabalhadores são submetidos, diariamente, a movimentos pendulares e caóticos. Além disso, são excluídos do acesso a espaços de lazer localizados, em geral, nas áreas elitizadas da cidade. Nesse contexto, o sociólogo Henri Lefebvre defende a apropriação da cidade enquanto ambiente democrático. Para isso, é fundamental a diversificação de modais de transporte, como ocorreu em Curitiba (após projetos incentivados pelo arquiteto Jaime Lerner), Brasília e Salvador. Além do exposto, a descentralização dos meios de produção e flexibilização de atividades, como escola, trabalho e lazer, podem contribuir nessa problemática, reduzindo a aglomeração de pessoas.        A posteriori, a movimentação nas cidades influencia na saúde das pessoas, visto que aumenta a incidência de doenças cardiovasculares e respiratórias. Isso acontece porque ficar muito tempo no trânsito aumenta o estresse, favorecendo fatores desencadeantes de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. O que está relacionado com dados da Sociedade Brasileira de Diabetes, em que o estresse oxidativo dificulta o tratamento de pessoas com diabetes tipo II. Ademais, a grande emissão de gases poluentes no ar predispõe o aumento de problemas respiratórios, como pneumonia. Nesse cenário, o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa publicou que o gás carbônico emitido pelo trânsito brasileiro aumentou em 40% nos últimos 10 anos.        Para resolver tais questões, é preciso que os municípios direcionem uma equipe de arquitetos e urbanistas para desenvolver projetos de mobilidade urbana, aumentando a eficiência de transporte coletivos e reduzindo o valor deles, por meio de isenção fiscal, para que seja possível o deslocamento rápido, seguro e confortável. Além disso, empresas privadas, por meio de uma política para aumentar a produtividade, poderiam investir em ciclovias e sistemas de bicicletas compartilhadas, para que seus trabalhadores possam utilizar um transporte alternativo (sustentável e saudável). Assim, a movimentação de pessoas pode ser mais democrática, coletiva e facilitadora do direito à cidade.